sexta-feira, 25 de março de 2011

CARABEPA FRITA, GRELHADA E AO FORNO

Carapeba, o peixe preferido de vovô


Se vivo estivesse, o meu avó materno, Hermeto de Carvalho, teria feito 118 anos no último dia 10 de fevereiro. Nascido gêmeo do seu irmão Américo, ficou órfão cedo e foi criado pelo tio e padrinho Batista, irmão da sua mãe Mindinha.
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Jovem se casou, e, também jovem, ficou viúvo. Sua primeira mulher morreu de parto do seu 4º filho, que veio a falecer ainda bebê, meses depois. Com três crianças para criar, casou-se com minha avó Beatriz em 1930, quatorze anos mais jovem do que ele, com quem teve mais 11 filhos, celebrou bodas de ouro e viveu com ela até o fim dos seus dias.
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Era tabelião em Nísia Floresta até se aposentar e vir morar em Natal. Era, também, um homem simples, cheio de meiguice e bondade. Falava de forma suave e pausadamente, sendo um avô paciente e participativo, que toda criança deveria ter. Lembro-me que sempre que ia nos visitar juntava as netas e dava dinheiro para comprar “confeito” e, na maioria das vezes, o bodegueiro ia até a nossa casa saber se aquele dinheiro era mesmo nosso, pelo valor elevado da cédula.
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Em companhia do meu avô vi pela primeira vez um avião de perto, quando certo dia fui com ele ao aeroporto receber um político, não me lembro qual, mas com certeza algum “Aluizista”, uma vez que ele foi um “bacurau” até morrer. Achei tudo enorme, gigantesco, ainda lembro-me de ter comentado com ele que o avião parecia “um monstro” do que riu acariciando-me a cabeça.
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Ensinou-nos a jogar “pif-paf”, dama e dominó. Passava horas conversando e contando histórias com a paciência que só os avôs amorosos sabem ter. Ainda lembro, eu com sete anos, da foto tirada com ele, rodeado pelos netos, por ocasião da festa em comemoração aos seus 70 anos, na casa grande onde morava em Natal.
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Dei-lhe a primeira bisneta, Milena, a quem ele fazia questão de colocar no colo a acariciar-lhe a face tateando para “saber” como ela era e chamando-a de “a menina Melena”.
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O glaucoma, junto com um erro médico, acabou por tirar-lhe completamente a visão. Viveu cego por quase 30 anos. E, apesar da sua deficiência nunca se revoltou com sua situação. Aceitava resignadamente o que o destino havia-lhe reservado. Não se deixava abater, embora tenha tentado de tudo que a medicina dispunha à época.  Na sua rotina diária, até morrer em 15 de fevereiro de 1986, cinco dias depois de completar 93 anos, era auxiliado pela minha avó no que fosse necessário e nunca deixou de saborear uma carapeba, o seu peixe favorito, que comia com as mãos se deliciando.
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Em memória do meu avô Hermeto, mostro três maneiras simples de preparar carapeba, um dos peixes mais saborosos que existe.


Carapeba Frita
Ingredientes
2 carapebas de 500gr (cada) limpas e sem vísceras
Suco de 1 limão
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
Farinha de mandioca o suficiente
Óleo o quanto baste para fritar


Modo de Fazer
Lave-os em água corrente e seque-os.
Dê dois ou três cortes verticais nos peixes e tempere-os com o suco de limão, pimenta do reino e sal. 
Deixe-os marinar por uns 30 minutos.
Ponha farinha de mandioca o suficiente em uma bandeja e passe por todo o peixe, empanando-o.
Leve ao fogo uma frigideira grande com óleo o suficiente e coloque dentro um palito de fósforo, quando acender, estará no ponto certo de fervura.
Coloque os peixes, um de cada vez, e frite-os dos dois lados, até estarem dourados e crocantes.
Escorra-os em papel toalha e coloque numa travessa guarnecida de folhas de alface, tomates e rodelas de limão.




Carapeba Grelhada

Ingredientes
2 carapebas de 500gr (cada) limpas e sem vísceras
Suco de 1 limão
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
Azeite o suficiente


Modo de Fazer
Lave-os em água corrente e seque-os.
Dê dois ou três cortes verticais nos peixes e tempere-os com o suco de limão, pimenta do reino e sal. 
Deixe-os marinar por uns 30 minutos.
Coloque-as em uma grelha untada com azeite e leve para grelhar, de preferência num braseiro, primeiro de um lado e depois do outro, pelo tempo suficiente para que fiquem douradas e crocantes.
Coloque-as em uma travessa guarnecida de folhas de alface e rodelas de limão.




Carapeba assada no Forno

Ingredientes
2 carapebas de 500gr (cada) limpas e sem vísceras
Suco de 1 limão
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
4 cebolas em rodelas
½ molho de coentro picado
Azeite o suficiente


Modo de Fazer
Lave-os em água corrente e seque-os.
Dê dois ou três cortes verticais nos peixes e tempere-os com o suco de limão, pimenta do reino e sal. 
Deixe-os marinar por uns 30 minutos.
Recheio-os com as cebolas em rodelas e o coentro.
Coloque-os em um refratário e regue com bastante azeite.
Cubra o refratário com papel alumínio e leve ao forno médio pré-aquecido até o azeite levantar fervura, mais ou menos 30 minutos.
Retire o papel alumínio de deixe dourar por mais 10 minutos.
Sirva-os acompanhados de salada verde e arroz de leite de coco.




13 de fevereiro de 2011


Um comentário:

  1. Cara Mércia, Hermeto e Américo, nossos avós, eram filhos de Joaquim ou de José de Carvalho, eram do Pavilhão ou do Sopé?

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