domingo, 31 de março de 2013

FELIZ PÁSCOA



Por Leonardo Sodré*

A Páscoa simboliza a derradeira aliança que Deus fez com os homens. 
Tempo de felicidade e de entender esse profundo amor, qualificado apenas como o "Amor de Deus", que transcende qualquer entendimento e que é apenas e simplesmente o "tudo". Se todos nesse mundo tivessem a ótica e a acuidade para entender isso estaríamos mais evoluídos, felizes, e em paz, pela felicidade do Mundo. 
Esse é o segredo, exaustivamente repetido: "Amar a Deus e si mesmo". 
Quem não se ama e não ama a Deus, não tem "feeling" para amar os outros.


*Jornalista e escritor

domingo, 24 de março de 2013

ACONTECÊNCIAS

 “VOCÊ BOTA PRA MIM?”
 Imagem Google

Ele é nosso cliente há pelo menos 10 anos. Eticamente eu não posso dizer o nome da criatura, por isso vou chamá-lo de Índio Poti. E você, caro leitor, nem imagina o que ele - com estampa e postura de homem sério e educado, é capaz.

Ele chega ao estacionamento e dá um olhar “43” para o nosso manobrista e diz com a voz rouca e cheia de subterfúgio:

- Você bota pra mim?

- Pode deixar que eu estaciono, doutor. Responde Denilson, no alto da sua timidez.

- Bom dia, Galega. Bom dia, dona Mércia. Cumprimenta-nos com seu vozeirão.

E lá se vai ele com o seu andar característico pelas sequelas de um AVC.

Certo dia, quando na sua volta para pegar o carro, eis que surge um dos “Franciscos”, que prestam serviços informais, o das Chagas, vulgo Gaguinho. E começa o diálogo que, se não é constrangedor, é cômico.

- Oi doutor, o senhor de lembra de mim. Indagou Gaguinho.

- Nãooooo! Respondeu ele solene.

- O senhor não mora no...? – Inquiriu Gaguinho. E ele respondeu:

- Éhhhh...

- O senhor não lembra que eu lhe ajudava a carregar as compras lá pra cima, pro seu apartamento? Continuou Gaguinho.

- Nãoooo!

E ele, mais do que depressa, olhou para Leni e disse:

- Chega Galega, dê logo dois reais pra esse menino.

Recebeu o troco e foi-se embora. E Gaguinho com o dinheiro na mão olhou pra Leni e disse:

- Tá vendo Lili, ele queria é que eu fizesse o lombo dele.

- Ele queria que você fosse cozinhar? Leni perguntou.

- Não Lili. Respondeu Gaguinho e fazendo o gesto reafirmou o fuxico.

- Ele queria que eu fizesse o lombo dele!

Ces’t la vie





sábado, 23 de março de 2013

CALDEIRADA DE BACALHAU

Imagem Google

Ingredientes
800gr de bacalhau dessalgado desfiado em lascas grandes
600g de batata descascadas e cortadas em rodelas
2 cebolas cortadas em rodelas
2 dentes de alho cortados em lamina
2 tomates cortados em rodelas
½ pimentão verde cortado em rodelas
½ pimentão vermelho cortado em rodelas
1 colher de café de colorau
200 ml de azeite
50 ml de vinho branco
400g de filé de camarão
Coentro a gosto
Sal, pimenta do reino e páprica a gosto.

Modo de Fazer
Em uma panela, de preferência de barro ou pedra, faça camadas, com as batatas, as cebolas, os tomates, o alho, os pimentões e o bacalhau.
Repita a operação até terminar os ingredientes.
Tempere com sal, o colorau, a pimenta do reino e a páprica.
Regue com o azeite e o vinho.
Tampe a panela e cozinhe por 15 minutos.
Acrescente os camarões e o coentro.
Cozinhe por mais uns 5 minutos, corrija o sal e o tempero e sirva.







terça-feira, 19 de março de 2013

ASA BRANCA

Imagem Google

Quando olhei a terra ardendo
Com a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração

Luiz Gonzaga

domingo, 17 de março de 2013

ACONTECÊNCIAS

“TOMARA QUE ESSES BAR FALA!” *

Imagem Google

Assisto de camarote todos os dias, no estacionamento que possuo no centro de Natal, a todo tipo de acontecências que vão desde pequenos furtos, assaltos propriamente ditos, arruaças, brigas, desfile de vai e vem de pessoas dignas de pena, de riso, às vezes de admiração, verdadeiras presepadas que dão pra rir e pra chorar.

A “minha rua”, a Princesa Isabel, é loteada e “dominada” por três irmãos flanelinhas, os Franciscos: de Assis, das Chagas e Nazareno, vulgo “Negão”, Gaguinho e Nazal, respectivamente, e do fiel amigo e escudeiro Josué, que por se parecer com um ratinho, atende pelo cognome de “Gabi”, apelido carinhoso de gabiru. Josué é o famoso “quebra-galho” que na falta de algum dos irmãos toma conta e paga o aluguel do “pedaço”.

Pois bem, essas criaturas estão “tomando conta” da rua hà pelo menos vinte anos. Ganham a vida exclusivamente como flanelinhas. São casados e pais de família, alguns se drogam e todos adoram tomar uma carraspana. E por causa da “mardita” todos já tiveram problemas de saúde.

Perto final do ano passado, Negão, o mais velho, 36 anos, a quem tenho mais proximidade – é o meu ajudante de ordem e olheiro dos malfeitores que ficam nas adjacências do estacionamento – começou a reclamar que não estava se sentindo bem. Passou mal e foi ao médico. Diagnóstico: pressão alta, arritmia cardíaca e ulcera gástrica. Decisão: Vou parar de beber!

E parou. Por um mês inteiro vi o quanto era difícil ele levar a cabo a sua decisão. Estávamos todos, do estacionamento e da vizinhança, engajados em lhe dar o apoio que necessitava, ia desde os remédios receitados pelo médico, a hora certa de tomá-los, cuidados com a alimentação, conselhos e, principalmente apoio moral. 

Assistia todos os dias os irmãos passarem chamando-o para tomar uma. E ele resistindo. Certa vez, observando os irmãos passarem para mais uma das muitas viagens diárias ao bar, exclamou:

- “Tomara que esses bar fala!”

E eu perguntei:

- Falar o quê?

Ele de pronto respondeu:

- Que feche. Que vá à falência. Só assim eu não tenho onde beber!

Ele não resistiu à passagem do ano novo. E tudo voltou ao que era d’antes...

*TRADUÇÃO: Tomara que esses bares vão à falência.





quinta-feira, 14 de março de 2013

14 DE MARÇO - DIA DA POESIA

Meu Deus, Me dê a Coragem*
Imagem Google
Meu Deus, me dê a coragem
De viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
Todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
Como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
Entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
Com este vazio tremendo
E receber como resposta
O amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
Sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
E mesmo assim me sentir
Como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
O meu pecado de pensar.

Clarice Lispector

*O poema é resultado do arranjo em versos, feito pelo padre Antônio Damázio, de texto em prosa da escritora Clarice Lispector.








sábado, 9 de março de 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO MAMÃE!

Eu e mamãe
A você mamãe, no dia do seu 79º aniversário, a minha declaração de amor, desejando que Deus lhe mantenha conosco por muitos anos com saúde, paz e alegria. Amo você!


Para Sempre 

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento. 

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade




sexta-feira, 8 de março de 2013

FELIZ DIA DA MULHER


A mulher é mestra do homem 
"A mulher que sabe amar é mestra do homem. Jamais governanta. 
A mulher que sabe amar não irrompe nem interrompe. Chega suave. 
A mulher que sabe amar conhece a sua superioridade e os limites desta. 
A mulher que sabe amar sabe ser mãe e ser um furor na cama. 
A mulher que sabe amar jamais se deixa subjugar. Nem subjuga. 
A mulher que sabe amar sabe que não basta ter razão. Precisa saber ter razão. 
A mulher que sabe amar é o ser mais elevado que há na terra. 
A mulher que sabe amar cala quando sabe não ser compreendida e fala na hora certa. 
A mulher que sabe amar jamais diz: eu não falei que não ia dar certo. 
A mulher que sabe amar compreende os filhos e sem pretender ensina amor ao marido. 
A mulher que sabe amar por ser superior não se preocupa em mandar. 
A mulher que sabe amar não sabe obedecer cegamente: ou compartilha ou se separa. 
A mulher que sabe amar sabe tanto de moda quanto de arte. 
A mulher que sabe amar educa sem reprimir e orienta sem impor. 
A mulher que sabe amar fala baixo, não usa perfumes exagerados e ama a alma. 
A mulher que sabe amar conversa com Deus e partilha com a família.
A mulher que sabe amar sente sua máxima realização quando amamenta. 
A mulher que sabe amar tem orgasmo, é abençoada pela bondade. 
A mulher que sabe amar não faz alarde de sua superioridade sobre o homem. 
A mulher que sabe amar é a responsável pela sobrevivência da espécie humana. 
A mulher que sabe amar jamais ouvirá de seu marido a frase: 
Eu não tenho opiniões: tenho esposa...." 

Artur da Távola







sexta-feira, 1 de março de 2013

RESPOSTA À SUA CARTA - Artur da Távola

Imagem Google

"A você que me escreveu na suposição de que sou melhor do que sou porque escrevo textos com os quais tem afinidade profunda, desejo dizer-lhe o seguinte: 
Não exija muito de mim. Nem me creia melhor do que sou. Conhecer é "desilusionar" (embora possa ser, também, perdoar). Por enquanto (e talvez para sempre), sou apenas um garimpeiro do Absoluto. Não me peça para definir. Nem pergunte por que o escrevo com letra maiúscula. Quer a verdade? É por medo. Já sentiu medo e esperança ao mesmo tempo? A gente tem mais medo (e mais esperança) daquilo que não conhece. No fundo, é porque mais se teme a própria fantasia do que a realidade. Esta, a gente enfrenta a realidade. Já a fantasia, o imaginário, enquanto perduram, assustam muito. 
A vida é um grande garimpo feito brincadeira pelo homem sério. Garimpamos a terra em busca da verdade do homem. A da Justiça. Garimpamos o Absoluto em busca do ouro da Verdade. Desta, só nos foi dado ter intuições, percepções, lampejos. A Verdade é a Infinitude. Porque a Infinitude é a Perfeição. Já nossa mente é finita como a vida, logo imperfeita. 
A vida não é a Verdade. É mero espaço de tempo inserido entre Ela. Que está antes e depois. É flash que espocou no meio da Verdade e fulgura por breve tempo. A Verdade está no antes e no depois da vida. Durante esta, a Verdade aparece, existe, pode até salvar os homens: mas como o ouro do garimpo, sempre em pedaços. 
O jeito é garimpar. Quem lhe pode garantir que a Verdade não nasça da trama íntima de nossos erros e os da própria natureza? 
Não exija muito de mim. 
Não jogue na minha cara as verdades do mundo. Estas eu sei. E o que doem, embora continuem encantando a minha esperança. 
Não cobre do garimpeiro o ouro. Cobre-lhe a procura. A honesta procura. Por mais que saiba e por melhor que seja, o homem é apenas um garimpeiro e esperança de poucas respostas. "

(03 de maio/2008)






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