domingo, 24 de novembro de 2019

A FILHA DE UM CARNAVAL


Nasci num sábado, 24 de novembro, nove meses depois de um carnaval. Sou o resultado da vida que tive e do que a partir dela me transformei.
Hoje sou o fruto maduro da minha semeadura.
Carrego comigo - a cada recordação -, uma imagem do passado. Na memória da jovem que um dia eu fui. Das minhas conquistas e temores, dos amigos que deixei para trás em algum lugar do tempo. Lembranças esquecidas na memória, como a firmeza de um abraço amigo, a alegria do compartilhado e o anseio do desejado.
Arrependimentos? Alguns.
Medo da velhice? Por quê?
É o natural da vida! Afinal, o que nos envelhece e nos tira a beleza, não são as rugas. O que nos envelhece são as dores secretas dos nossos embates e teimosias interiores. As rugas do nosso rosto é a nossa biografia. É a marca bonita da nossa vida. É a presença da nossa história de vida. É, também, o que não se viveu, mas sentiu, vincando.
Já madura, me sinto jovem. Tenho saúde. Tenho o amor e o respeito dos meus filhos. Tenho os meus netos. Tenho a minha mãe e meus irmãos. Tenho meus amigos, poucos é verdade, mas verdadeiros. Tenho paz de espírito. Por fim, e, principalmente, tenho a Deus.

Epitáfio
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

(Por Sergio Britto)

terça-feira, 19 de novembro de 2019

DUDU, 19 ANOS

“Filhos são presentes raros. De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças acerca de suas ações”. Artur da Távora 



 Sou uma mulher privilegiada.

Recebi na maturidade um presente raro, o meu filho Eduardo, a quem carinhosamente chamamos de Dudu.

Fui mãe na juventude e mãe na plena idade, embora já não ousasse sonhar, a gravidez na maturidade veio coroar a realização de um sonho - sonhado e desejado -, de repente, aos 43 anos, recebo a dádiva de ser mãe de um filho.

Com ele, e por ele, me senti novamente cheia de vida. Carecia da força, coragem, saúde e, sobretudo, do que restava de juventude para me descobrir mudando a cada dia, num reviver aprendido.

Hoje ele faz 19 anos.

A esse filho querido, com o meu amor, tento ensinar sobre a vida. Enquanto que com ele, aprendo todos os dias o que é a vida.

Falo sobre liberdade e responsabilidade, sonhos e realizações. Porque na vida, cada passo dado, cada decisão tomada é que construímos o nosso futuro e o nosso passado.

Porque liberdade, filho meu, é tão livre que não podemos nos deter a uma definição da palavra. Liberdade é a conquista, pelo nosso próprio esforço, daquilo que desejamos em sendo livres, para agir e pensar, conforme as nossas convicções.

Dou-lhe a liberdade com a responsabilidade de distinguir e decidir entre o certo e o errado.

Ensino-o a ser bom e fazer o bem.

Amar e respeitar.

E, a despeito de todos os obstáculos da vida, é necessário sonhar e lutar pelo que se quer e acredita.

Com todo meu amor.

sábado, 16 de novembro de 2019

FELICIDADE, PASSEI NO VESTIBULAR...



E não é que passei mesmo!

Naquela época só havia a Universidade Federal, e eu, uma aluna apaixonada por Geografia e História não poderia tentar passar em outra coisa. 

Logo eu, que durante toda minha vida estudantil só me prestava a ler e ler. Lia da revista O Cruzeiro, Fatos e Fotos, Manchete, Seleções Reader’s Digest, jornais, livros de História e Geografia Geral e do Brasil e tudo o que me caiam as mãos, mas, principalmente, os livros de literatura brasileira e enciclopédias, únicos e sábios presentes que papai nos dava.

Viajava no tempo e no universo, deste a pré-história, passando pelo Egito e Roma antigos até Brasil Colônia. Olhando pro céu descobrindo astros e constelações, dando a volta ao mundo em busca de lugares e povos. Esse meu gosto pela leitura foi à base de tudo. 

Passei na minha primeira opção: Geografia.

Embora tenha tirado o 1º lugar da minha escola na 5ª série do ensino primário e ter passado com louvor no exame de admissão (bem novinha!), confesso que nunca fui uma boa aluna nos quesitos matemática, química e física - pense numa Pelé - estudava só pra passar e não ficar em segunda-época, como se dizia naquele tempo, mas no resto eu tirava de letra. 

Não sei dizer quantos “100” tirei nas minhas matérias preferidas, nas provas, nos trabalhos e nas aulas que eu dava valendo nota. Afinal, segundo a Lei do meu pai, que os educadores de hoje não escutem, se não passasse de ano na escola era “pau na escola e pau em casa”.

Havíamos de festejar! Papai e mamãe felizes resolveram fazer uma feijoada e chamar os amigos.

Farra grande! Papai, o nosso dançarino preferido, no seu uísque e “nós outros” na cerveja e batida de limão, e a feijoada rolando no centro. Pela primeira e única vez vimos mamãe de porre - a coitada nunca bebeu nada na vida - misturou tudo e terminou com as filhas dando-lhe um banho para curar a carraspana.

Eu havia conseguido a proeza. E lá estava eu, com o pé na universidade, saindo da adolescência e entrando para a responsabilidade da vida adulta.

É a vida...

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