sexta-feira, 25 de março de 2011

ARROZ DOCE NORDESTINO


A merenda da Aliança para o Progresso



Ando preocupada comigo. Estou percebendo que, quanto mais esquecida estou das coisas do dia-a-dia, mais aguçada está minha memória da infância. Lembro-me de coisas do “arco da velha”. Das duas, uma: ou é o stress do meu corre-corre ou é coisa da idade e o meu primo alemão anda-me “sondando”. 
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Década de 1960. Menina. Já havendo passado pela alfabetização na cartilha do ABC e pela Tabuada Aritmética com dona Mariinha, com direito a palmatória - pense num tempo difícil -, eu estava pronta para ingressar no 1º ano primário no Grupo Escolar Rural Nísia Floresta, minha primeira escola.
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Na nossa escola e acho que, como todas as escolas públicas daquela época, embora não nos déssemos conta, tínhamos um ensino de primeira qualidade. Pela manhã aula normal. À tarde, aula de trabalhos manuais (corte e costura, bordado, tricô, crochê, pintura e desenho) até a algum tempo mamãe ainda possuía algumas peças feitas por nós naquela época.
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Lembro-me que, às quintas-feiras, todos os alunos ficavam perfilados defronte a escola. Hasteavam a Bandeira do Brasil e cantávamos o Hino Nacional. Depois, íamos ao pátio interno para a sabatina cultural, em que era escolhido um aluno de cada turma para “declamar” poesias de autores brasileiros. Foi aí que “conheci” Gonçalves Dias na sua Canção do Exílio: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá...”, e Olavo Bilac no seu Ama com fé e orgulho, a terra em que nasceste; criança, não verás nenhum país como este!”.  Ainda me lembro das duas do começo ao fim. Assim como me vejo recitando.
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Havia, também, a merenda que era distribuída para nas escolas públicas do municio pelo programa norte-americano Aliança para o Progresso, que, aos meus olhos e paladar, era a coisa mais deliciosa do mundo. Porém, eu não tinha direito, pois “era filha de gente rica e aquele mingau era só para crianças pobres”. 
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Pense numa injustiça dessas com uma criança! Mesmo assim cheguei a provar e me deliciar algumas vezes, trocando, às escondidas, com uma coleguinha, o meu lanche trazido de casa, pelo seu mingau. 
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Há se fosse hoje!
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Para o meu consolo havia arroz doce de mamãe, que em nada lembrava o mingau da Aliança para o Progresso, mas era a nossa merenda da tarde.

Arroz Doce Nordestino
Ingredientes
2 xícaras de chá de arroz agulhinha tipo 1 (NÃO LAVAR O ARROZ)
1 ½ litro de leite aproximadamente
½ litro de leite de coco
1 xícara de açúcar (ou a gosto)
4 cravos
1 pedaço de canela em pau
1 pitada de sal
Canela em pó para polvilhar


Modo de Fazer
Em uma panela alta, coloque 1 litro de leite, o pau de canela, uma pitada de sal e o arroz, leve ao fogo alto até levantar fervura. 
Abaixe o fogo e deixe-o ir cozinhado, mexendo sempre.
Misture o restante do leite, o leite de coco e os cravos e leve para ferver em uma leiteira alta, e vá acrescentando, aos poucos, ao arroz sempre que necessário.
Acrescente o açúcar ao arroz e vá adicionando os leites, sempre mexendo.
O tempo de cozimento ajudará na cremosidade. 
Deve ficar com a mesma consistência de risoto, bem molhado, cozido, mas firme.
Retire do fogo, coloque em uma ou mais travessas, polvilhe com canela.
Sirva quente ou gelado.




23 de janeiro de 2011

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