terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Aquele Abraço

“Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la.
Que o abraço abrace.
Que o perdão perdoe.
Que tudo vire verbo e verbe.
Verde. Como a esperança.”
 Artur da Távola

Sou pegajosa. Adoro abraçar, beijar e dizer que amo aos meus filhos, netos, irmãos, a minha mãe e aos meus amigos.

Puxei a papai que adorava um abraço e um beijo e, com esses gestos nos transmitia inúmeros bons sentimentos, como o cuidado, a proteção no carinho demonstrando, sobretudo, o seu amor por nós, os seus filhos.

Assim fui criada e assim estou a viver. É a minha forma de dar e demonstrar o amor aos que me rodeiam. O importante não é somente dar e receber, mas pedir quando necessário. Às vezes nos sentimos precisando de colo, nada como um abraço amigo para nos acalmar e confortar.

Esse meu jeito de ser já me colocou em algumas situações - desde a repulsa pelo carinho dado à falta de liberdade em abraçar plenamente, de corpo e alma, determinadas criaturas -.
Isso me inquieta por dentro e me quieta por fora. Me fazendo lembrar de Clarice, a Lispector, quando diz: “Quando estou muito quieta por fora, é que dentro de mim alguma coisa grita e eu preciso me ouvir”.

E dentro de mim ouço que no abraço se cala desentendimentos, se conforta desespero e se reafirma sentimentos de amor e amizade, pelo gesto em si, sem que uma só palavra seja pronunciada.

Por isso lhes digo: Adoro dar, mas também amo receber.

Então não perca tempo.

Abrace e seja abraçado.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

OS DONOS DO MUNDO

 
Brasília ainda era uma jovem cidade, com apenas 20 anos, quando lá aprendi a dirigir e tirei a minha carteira de motorista.

Aprendi e acostumei-me, desde então, a não buzinar – a não ser quando realmente é necessário -, a manobrar olhando pelos retrovisores, a fazer baliza, a respeitar a faixa de pedestre, a respeitar a sinalização vertical e horizontal, as faixas de rolamento, e, principalmente, respeitar ao próximo, seja ele motorista ou pedestre. Olhe que lá se vão mais de 30 anos...

O Governo Federal poderia, aquela época, ter feito de Brasília um exemplo a ser seguido pelo resto do país no que diz respeito à civilidade e educação no trânsito. Vindo de Brasília são poucos os exemplos que a cidade nos dar – tratou de nos “deseducar” e o trânsito se tornou cada vez pior. Nem mesmo Brasília foi poupada nesse quesito.

Os motoristas?

Ah, os motoristas... Alguns acham que são os donos do mundo.

Assisto de camarote todos os dias, no estacionamento que possuo na rua Princesa Isabel, centro de Natal, ao desrespeito às Leis de transito, a arrogância e a prepotência dos motoristas – desde o caminhoneiro ao motorista do carrão importado – que transformam num caos o trânsito já combalido do centro da cidade.

É uma luta diária e até agora inglória, contra a incivilidade dos que não respeitam a precária sinalização existente e se acham os donos do pedaço. Não respeitam a nada e nem a ninguém.

Obstruem um único acesso para cadeirantes que existe nas proximidades.
Estacionam em cima das calçadas.
Estacionam em local de carga e descarga.
Estacionam nos locais destinados aos táxis.
Estacionam em faixa amarela.
Param entre duas placas que – se eles não fossem analfabetos de trânsito e ignorantes de cidadania – poderiam enxergar que ali está sinalizado “Proibido Parar e Estacionar” fechando a entrada e saída de veículos do estacionamento.

Embora já tendo sido feita, através de requerimento a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), a solicitação da presença, diária e sistemática, de uma autoridade de trânsito naquela área, nada foi feito. Os amarelinhos, como são chamados, amarelaram de vez e não aparecem.

Fui várias vezes à garagem daquele órgão municipal, que ironicamente fica a 100 metros do nosso estabelecimento, para solicitar ajuda. Sempre alegam que primeiro temos que ligar para o telefone 156, que não funciona por falta de pagamento, segundo os próprios funcionários, ficando, então, todos os que têm seus direitos infringidos a mercê dos motoristas infratores das Leis de trânsito, que se acham os verdadeiros donos do mundo.

Acham-se. Mas não são. São apenas pobres mortais com seus carrões. Ignorantes, mal educados, analfabetos e assassinos em potencial. Quanto maior o carro mais adjetivados eles são.

26 de maio de 2011

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