domingo, 30 de junho de 2019

Eu sou


“Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos. Se definir é se limitar. Você é um eterno parênteses em aberto, enquanto sua eternidade durar”. Machado de Assis

Eis-me aqui, festejando mais um ano, dos muitos anos, que a vida me deu a oportunidade de viver o novo, crescer e amadurecer.

Àquela época, achava eu, que havia perdido o rumo. Estava sem o meu norte.

Mas, o tempo... ah, o tempo! Ele me ensinou e me fez enxergar que perder dói, e como dói, você chora, você sofre. Logo eu, que sempre achei que a pessoa a quem amamos tem que ter o seu espaço, tem que ser livre. Livre pra pensar, amar, respeitar, valorizar e escolher entre o ir e o ficar. Perdi.

Estava em mim a decisão entre o desistir e lutar. Lutei. Doeu para não doer nunca mais.

De repente você descobre que mesmo dolorida a vida é para ser vivida, é preciso somente reinventá-la e dela não desistir. Afinal, o sofrimento que me derrubou me fez crescer. O que para mim fora uma perda, o tempo me fez ver que, na realidade, foi um ganho.

O tempo me permitiu enxergar que na vida, além de sofrimento, traições e injustiça, havia docilidade em viver, foi preciso coragem para arriscar e humildade para aprender, descobrindo prazeres novos nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, na companhia de amigos queridos, onde o importante é o ser - não importando o ter - porque o que tem valor conquista-se, com respeito, generosidade e reciprocidade, saboreando o bom, mesmo que de vez quando haja o enfrentamento do ruim, mas sem nunca perder o humor,  tendo esperança, numa constante busca em ser feliz.

Cresci. Refiz minha vida. Amei. Fui amada, valorizada e motivada a crescer. E, principalmente, me amei. 

Mas a vida também nos prega peças, nos traz perdas irreparáveis e essas não temos como nos prevenir. É a perda das perdas. Aprendi na dor e com a dor, que ela não pode ser sublimada, a minha resiliência me fez forte para enfrentar as agruras da vida me fazendo crescer, sem perder a doçura e sem deixar de ter esperança no que há de vir.

Amadureci. Hoje madura, sou o resultado das coisas vividas, dos amores que tive e que me tiveram, das minha escolhas, dos meus erros e acertos. Fazendo um somatório, apesar de tudo ou por causa de tudo, continuo ganhando a cada dia. Vivendo.

Sou a minha própria história.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Primeiro, não queremos perder

É lógico não querer perder.
Não deveríamos ter de perder nada:
Nem saúde, nem afetos, nem pessoas amadas.
Mas a realidade é outra:
Experimentamos uma constante alternância de ganhos e perdas.
Segundo:
Perder dói mesmo.
Não há como não sofrer.
É tolice dizer não sofra, não chore.
A dor é importante.
O luto também.
Terceiro:
Precisamos de recursos internos para enfrentar a tragédia e a dor.
A força decisiva terá que vir de nós, de onde foi depositada a nossa bagagem.
Lidar com a perda vai depender do que encontrarmos ali.
A tragédia faz emergir forças inimagináveis em algumas pessoas.
Por mais devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer.
Quando é hora de sofrer não temos de pedir licença para sentir, e esgotar, a dor.
O luto é necessário, ou a dor ficará soterrada, seu fogo queimando nossas últimas reservas de vitalidade e fechando todas as saídas.
Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis.
Primeiro, não queremos perder.
Lya Luft
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