domingo, 24 de julho de 2011

O FAQUIR

O Faquir

O meu mega (em tamanho e volume) amigo, fora acostumado durante sua vida inteira a morar em casa. Chegando a Brasília, optou em receber ajuda de custo para moradia e alugar uma casa grande com piscina, no Lago Norte, abrindo mão do apartamento funcional ao qual tinha direito.
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Pelo seu tamanho e espírito libertino, um apartamento significava uma gaiola, uma prisão, ele necessitava de espaço e liberdade.
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Logo sua casa transformou-se em um “hotel de transito” daqueles que saíam de Natal rumo a Capital Federal, além de ser o “clube” aonde todo o final de semana se reunia a colônia norteriograndense.
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Era lá, também, que de vez em quando ele “acolhia hóspedes temporários” recém chegados a Brasília, até que estes se estabelecessem. Durante o período em que ficavam “hospedados” todas as despesas da casa eram rachadas meio a meio.
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Certa vez, ele teve a honra de receber como “hospede” um paranaense, gente finíssima, tanto no trato quanto no físico e, além de tudo, vegetariano.
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Era engraçado ver os dois, o gordo e o magro, fazendo as compras juntos, cada um carregando o seu respectivo carrinho. Enquanto o carrinho de compras do meu mega amigo era entupido de bebidas e das mais extravagantes comidas, o do coitado do “hospede” era sortido de frutas, legumes, verduras, grãos e chás naturais, para na boca do caixa os dois carrinhos de transformarem em uma única compra e ser rachado igualmente.
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Uma vez, chegamos a sua casa  no horário do almoço, os dois estavam sentados à mesa, cujo prato principal era nada menos do que um pernil de porco com todos os acompanhamentos a que tinha direito. Ele a devorar tudo que passava pela frente e o seu pobre hóspede a se deliciar com um prato de salada. Um dos presentes indagou:
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- Aqui é tudo rachado?
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- É. Respondeu ele, dando um intervalo entre uma garfada e outra.
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- Mas...  Ele não deixou a pessoa terminar o pensamento.
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- Não tem mais nem meio mais. A comida está na mesa, ele não come porque não quer.  Está treinando para ser faquir. Finalizou.



23 de julho de 2011

3 comentários:

  1. rs muito boa a crônica Mercita.O pobre do vegetariano deve ter penado rsss
    um cheiro e um beijo grande
    parabéns !

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  2. Eita! Que essa dupla Mércia/Léo dá é certo. Cada qual com suas crônicas mais engraçadas. Parabéns pelo causo faquiano... O Faquir vai ficar magro duas vezes, no corpo e no bolso... Hehe

    1 abraço Mércia.

    Manoel Bomfim

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  3. Oi Mércia!
    Desculpe só agora ter aparecido por aqui. Seja sempre bem vinda ao meu blog! Descobri aqui deliciosos quitutes regionais. Faz gosto ler!
    Gostei do amigo, bem pragmático, heim? Coitado do vegetariano.rsss

    Beijo!

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