quinta-feira, 14 de julho de 2011

MOQUECA DE ARRAIA


História de Pescador

Praieira de nascença e de criação.
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Durante todo o ano não havia um domingo que papai não levasse a sua prole grande, em cima do seu jipe ou camioneta, as praias ou lagoas de Nízia Floresta.
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A princípio, ainda pequenas, eu e minhas irmãs, veraniáva-mos em Tibau do Sul, uma das primeiras casas de veraneio, ainda de taipa, era nossa. Lembro-me que às sextas-feiras, ficávamos em cima da falésia assistindo papai fazer a travessia da Lagoa de Patané, em Surubajá, na canoa de seu João com a nossa feira.
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Lembro-me, ainda, que como o veraneio era longo, de novembro a março, tínhamos aula particular com Maria José filha de seu Quinco. De Tibau, recordo, na minha visão infantil, das festas populares, do Fandango e, principalmente, do Boi de Reis com o seu imenso Jaraguá.
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Depois que meu pai tonou-se comerciante, e com cinco filhos a mais, já não tínhamos um veraneio longo, mas o seu espírito aventureiro de pescador não deixava escapar um só final de semana ou feriado. E lá íamos nós passar o dia na Barreta, deixava-mos o carro em Campo de Santana e escalava-mos o morro com toda a bagagem até a praia, na casa de Zé de Tatá e dona Alzira ou num terreno que ele tinha a beira mar de Camurupim, em frente à Pedra Oca, sem que na volta deixasse-mos de tomar um banho doce na Boa Cica. Era uma verdadeira aventura. Um verdadeiro pic-nic.
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Quando não íamos à praia, íamos às inúmeras lagoas da minha terra, Bonfim, Carcará, Arituba, Boágua... Tínhamos o costume de arrodear à Boágua para colher "guajiru" e papai, como bom desbravador, descobriu na outra margem, à beira da lagoa, um cajueiro grande que, adotado por todos nós, foi limpo e tornou-se o nosso refúgio. Embaixo da sua copa, onde redes eram armadas, sentava-mos a sua sombra para o almoço e a nossa frente uma lagoa linda e limpa onde passávamos o dia a brincar pulando de "trapiche" construído por ele para o nosso lazer, com o tempo tornou-se conhecido como "o cajueiro de seu Ruy".
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Pela infância que tive adoro rios, lagoas e o mar e tudo que deles vêm.
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Certa vez, esperando mais um rede de arrasto, a beira do mar, para surpresa de todos veio uma arraia. O pescador,com a experiência que a vida no mar lhe deu, disse-nos que ele iria prepará-la para nós. Tratou-a e levou suas "asas" ao fogo com a água do mar, para que a carne amolecesse e fosse tirada a pele e a cartilagem. Hoje em dia, com a poluição existente em nossas praias, já não podemos fazer isso, mas lhe asseguro foi a mais saborosa moqueca de arraia que comi em toda minha vida.
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Eis a receita.


Moqueca de Arraia
Ingredientes
1 kg de arraia desfiada
2 xícaras de leite de coco
2 cebolas em rodelas
2 tomates grandes em rodelas
1 pimentão pequeno em rodelas
1/2 molho de cebolinha picado
1/2 molho de coentro picado
2 dentes de alho amassados
1 colher de sobremesa de colorau
2 colheres de sopa de azeite de dendê
2 pimentas de cheiro (opcional)
Sal e pimenta do reino agosto

Modo de Preparo
Cozinhe a arraia por 15 minutos na água e sal para retirar a pele e separar a carne da cartilagem. Desfie e reserve.
Em uma panela, de preferência de barro, faça um refogado com as cebolas, os tomates, o pimentão e o alho, acrescente a arraia e misture bem, cubra-a com o leite de coco e acrescente o colorau, o azeite de dendê, o coentro, a cebolinha, as pimentas e o sal. Tampe a panela e quando começar a ferver conte 8 oito minutos. Corrija o sal e sirva com arroz branco.


17 de outubro de 2010

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