domingo, 20 de maio de 2012

Brincando de Cozinhado

Imagem Google

Um dos paraísos da minha infância era o quintal da nossa casa.
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O nosso quintal parecia um sítio - além do terreno grande que ia de uma rua a outra, papai comprou e demoliu a casa vizinha duplicando-o de tamanho -, cheio de fruteiras, com dois poços de água, um dique que ele construiu só para lavar o seu carro - que usávamos como passarela nos nossos desfiles de moda ou de miss e palco teatral -, e a casinha suspensa feita de ripas de madeira pintada de branco, construída quando um dia ele inventou de criar galinhas de raça, que se transformou no nosso refugio lá no fundo do quintal.
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Lá era a nossa casinha de brincar e onde comecei a tomar gosto pelas coisas de cozinha. Era lá que fazíamos os nossos cozinhados.
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A nossa casa vivia cheia de amigas e os nossos cozinhados eram realizados sempre que havia abate de galinhas. Todos os “miúdos”, pés, asas e pescoços eram nossos, ou pequenos peixes quando, para desespero de mamãe, íamos pescar nos rios da redondeza.
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Cada participante contribuía com alguma coisa, frutas, verduras, arroz, feijão, contanto que tivéssemos todos os ingredientes para fazer o almoço e passássemos o dia todo na nossa casinha. Tínhamos, também, todos os apetrechos: panelas e fogareiro de barro, pratos de ágata e copos de alumínio> Portanto, utilizávamos poucas coisas da casa de mamãe.
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Geralmente, ela ficava de “olho” na “gororoba” que a gente ia comer e de vez em quando mandava alguém dar uma mãozinha, afinal, éramos uma “ruma” de crianças brincando com fogo. Ela, porém, não escondia a satisfação de nos ver, todas juntas, sob as suas asas protetoras, brincando no nosso quintal.
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Terminada a maratona do almoço, louça lavada e casinha arrumada, começavam as brincadeiras, geralmente um desfile de moda ou de miss, ou ainda, a encenação de um “drama”. Coitada de mamãe! Lá se iam suas roupas para os personagens e seus lençóis como cortinas de teatro.
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Independente do prato principal, muitas vezes complementado da cozinha de casa, o nosso feijão com arroz, era sempre um baião de dois, prato sempre presente nos nossos cozinhados do qual nos tornamos mestras, e que tinha um sabor inigualável feito por nós.
16/01/2011

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