Levante o dedo quem não se apaixonou na
adolescência!
Eu tinha treze anos quando me apaixonei
platonicamente por um dos meninos da minha turma.
Só recordo que a partir daí deixei as
brincadeiras de criança de lado e os meus olhos só enxergavam aquele brotinho
vestido a “La Roberto Carlos” desde a calça boca de sino, a botinha, o cinto
largo, a pulseira, até o cabelo. Sem esquecer o medalhão.
Da turma, ele era um dos mais velhos – imagino
que tinha uns dezesseis anos – o mais estudioso, mais educado, mais atencioso e
o mais estiloso, também.
Todas as noites a turma toda se reunia na
pracinha, até que papai dava a ordem:
- Está na hora. Para casa!
E lá íamos nós - eu e minhas irmãs - dormir. Enquanto o resto da turma ficava até altas horas...
A cada final de semana, organizávamos uma suarê
para dançar e conversar. Cada um levava seus discos de vinil e refrigerantes,
enquanto os meninos, além dos discos, se cotizavam, compravam Rum Montilha ou
cachaça, e faziam a iniciação alcoólica com “cuba libre” ou batida de frutas.
E eu lá, sem que ninguém soubesse, de olho
comprido. Platonicamente apaixonada. E ele nem me enxergava...
Certo dia, durante um picnic na casa de uma das
meninas da turma, cujo quintal mais parecia um sítio, observando de longe
percebi que, decididamente, as meninas da turma não eram a praia dele. Ele era
estudioso demais, delicado demais, arrumadinho demais... Desapaixonei.
Encontrei-o depois de uns trinta anos, homem
maduro, sério e.... Assumido!
Demos grandes risadas lembrando e matando a
saudade da nossa época.
Finalmente entendi que ele sempre estivera fora
do armário. Só eu não enxergava.
C’est la vie!
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