domingo, 14 de agosto de 2011

QUERIDO PAPAI

Papai aos 18 anos como aprendiz de marinheiro
Querido Papai

Hoje, data em que se comemora o dia dos pais, quero mais uma vez lhe reafirmar o meu amor e falar da minha saudade. A sua ausência, como bem definiu o poeta, é um estar em mim, preenchida pelas lembranças reconfortantes com as quais sorrio, choro, danço e vivo, como você tão bem me ensinou.
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Às vezes, quando a saudade aperta e me pego mergulhada em pensamentos recordando das tantas coisas – principalmente as boas – que vivemos juntos, volto no tempo e revivo cada detalhe dos nossos momentos, acabo sempre com os olhos cheios d’água e um sorriso nos lábios pelo privilégio de ser você o meu pai.
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Sorrio cada vez que lembro, quando eu era criança, e ouvia você bradar Maria Mércia, puxando pelo R, no lugar do Mercinha de costume, eu “tremia na base”, sabia que havia “pisado na bola”. Aliás, bastava um olhar seu, com aqueles olhos azuis que nem duas bolas de gude, para que qualquer um de nós ficasse no lugar.
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Sorrio a cada lembrança das nossas viagens ao sítio, principalmente quando me tornei “sua chofer” e dirigia a sua ELBA, xodó de todos os seus xodós. Coitada de mim quando colocava sacos de fertilizantes, estrumo e sal grosso no porta- mala e você ia de cara amarrada até lá, reclamando que eu estava acabando com “sua bichinha” e a “zuada” sempre terminava no destino final com um sonoro “eu lhe amo” de um para o outro.
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Esse período foi o tempo que Deus nos deu para que nos tornássemos mais unidos. Nele pude conhecer melhor, além do pai, o menino que você fora e o homem que se tornara.
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Saíamos sempre pela manhã, você a cantar sua música favorita Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa do amor, por Deus esculturada e formada com ardor da alma da linda flor de mais ativo olor, que na vida é preferida pelo beija-flor...” e feliz por está indo a sua terra e pedaço de chão favorito, o seu sítio.
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Quando não cantávamos, conversávamos.
Você me falava da sua infância, do seu temor pelo seu pai, da bondade de sua mãe - de quem tenho orgulho de ter herdado o nome – e dos seus irmãos. Falava da sua juventude, das suas aventuras, dos seus amores e dos seus dissabores vida a fora. Falava de nós, os seus filhos, cada qual do seu jeito, com defeitos e virtudes. Falava, também, do seu amor incondicional por nós.
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Voltávamos sempre no final do dia, depois de “bater as sete freguesias”, como dizia mamãe, com o carro repleto de banana, coco seco, macaxeira, mamão, batata doce, jaca e o que mais encontrávamos para colher ou comprar, e você num gesto  de bondade dividia com a vizinhança.
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Conheci você, papai, como se pode conhecer alguém a quem amamos e respeitamos, assim como ele é, com virtudes e defeitos, fraquezas e gestos grandiosos – que só as pessoas grandes de espírito podem ter. Esse é você, meu pai, um homem sincero, honesto e digno.
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Pelos laços que nos une, “sinto”, não me pergunte como, o quanto você é presente em mim. Lembrando as palavras que você sempre me dizia quando me abençoava: Deus lhe faça muito feliz! Sou aquela, papai, que seguindo o exemplo deixado por você, caminha na vida, semeando o bem, caindo, levantando, tentando ser uma pessoa melhor, sempre em busca de dias melhores, que com certeza virão. Isso é felicidade.
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A você o meu amor, com saudade.
Sua filha,
Mércia

A cada pai, presente ou ausente, pais que são pais e mães, mães que são mães e pais, o meu carinho e respeito pelo seu dia.



2 comentários:

  1. Oi Mércia!
    Que depoimento lindo!
    Fiquei emocionada! Esta saudade revolve muitas lembranças!

    Beijos e uma ótima semana!

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