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"A você que me escreveu na suposição de que sou melhor do que sou porque escrevo textos com os quais tem afinidade profunda, desejo dizer-lhe o seguinte:
Não exija muito de mim. Nem me creia melhor do que sou. Conhecer é "desilusionar" (embora possa ser, também, perdoar). Por enquanto (e talvez para sempre), sou apenas um garimpeiro do Absoluto. Não me peça para definir. Nem pergunte por que o escrevo com letra maiúscula. Quer a verdade? É por medo. Já sentiu medo e esperança ao mesmo tempo? A gente tem mais medo (e mais esperança) daquilo que não conhece. No fundo, é porque mais se teme a própria fantasia do que a realidade. Esta, a gente enfrenta a realidade. Já a fantasia, o imaginário, enquanto perduram, assustam muito.
A vida é um grande garimpo feito brincadeira pelo homem sério. Garimpamos a terra em busca da verdade do homem. A da Justiça. Garimpamos o Absoluto em busca do ouro da Verdade. Desta, só nos foi dado ter intuições, percepções, lampejos. A Verdade é a Infinitude. Porque a Infinitude é a Perfeição. Já nossa mente é finita como a vida, logo imperfeita.
A vida não é a Verdade. É mero espaço de tempo inserido entre Ela. Que está antes e depois. É flash que espocou no meio da Verdade e fulgura por breve tempo. A Verdade está no antes e no depois da vida. Durante esta, a Verdade aparece, existe, pode até salvar os homens: mas como o ouro do garimpo, sempre em pedaços.
O jeito é garimpar. Quem lhe pode garantir que a Verdade não nasça da trama íntima de nossos erros e os da própria natureza?
Não exija muito de mim.
Não jogue na minha cara as verdades do mundo. Estas eu sei. E o que doem, embora continuem encantando a minha esperança.
Não cobre do garimpeiro o ouro. Cobre-lhe a procura. A honesta procura. Por mais que saiba e por melhor que seja, o homem é apenas um garimpeiro e esperança de poucas respostas. "
(03 de maio/2008)
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