“VOCÊ BOTA PRA MIM?”
Ele chega ao estacionamento e dá um olhar “43” para o nosso manobrista e diz com a voz rouca e cheia de subterfúgio:
- Você bota pra mim?
- Pode deixar que eu estaciono, doutor. Responde Denilson, no alto da sua timidez.
- Bom dia, Galega. Bom dia, dona Mércia. Cumprimenta-nos com seu vozeirão.
E lá se vai ele com o seu andar característico pelas sequelas de um AVC.
Certo dia, quando na sua volta para pegar o carro, eis que surge um dos “Franciscos”, que prestam serviços informais, o das Chagas, vulgo Gaguinho. E começa o diálogo que, se não é constrangedor, é cômico.
- Oi doutor, o senhor de lembra de mim. Indagou Gaguinho.
- Nãooooo! Respondeu ele solene.
- O senhor não mora no...? – Inquiriu Gaguinho. E ele respondeu:
- Éhhhh...
- O senhor não lembra que eu lhe ajudava a carregar as compras lá pra cima, pro seu apartamento? Continuou Gaguinho.
- Nãoooo!
E ele, mais do que depressa, olhou para Leni e disse:
- Chega Galega, dê logo dois reais pra esse menino.
Recebeu o troco e foi-se embora. E Gaguinho com o dinheiro na mão olhou pra Leni e disse:
- Tá vendo Lili, ele queria é que eu fizesse o lombo dele.
- Ele queria que você fosse cozinhar? Leni perguntou.
- Não Lili. Respondeu Gaguinho e fazendo o gesto reafirmou o fuxico.
- Ele queria que eu fizesse o lombo dele!
Ces’t la vie
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