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Década de 1960. Menina. Já havendo passado pela alfabetização na cartilha do ABC e pela Tabuada Aritmética com dona Mariinha, com direito a palmatória - pense num tempo difícil -, eu estava pronta para ingressar no 1º ano primário no Grupo Escolar Rural Nísia Floresta, minha primeira escola.
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Na nossa escola e acho que, como todas as escolas públicas daquela época, embora não nos déssemos conta, tínhamos um ensino de primeira qualidade. Pela manhã aula normal. À tarde, aula de trabalhos manuais (corte e costura, bordado, tricô, crochê, pintura e desenho) até a algum tempo mamãe ainda possuía algumas peças feitas por nós naquela época.
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Lembro-me que, às quintas-feiras, todos os alunos ficavam perfilados defronte a escola. Hasteavam a Bandeira do Brasil e cantávamos o Hino Nacional. Depois, íamos ao pátio interno para a sabatina cultural, em que era escolhido um aluno de cada turma para “declamar” poesias de autores brasileiros. Foi aí que “conheci” Gonçalves Dias na sua Canção do Exílio: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá...”, e Olavo Bilac no seu “Ama com fé e orgulho, a terra em que nasceste; criança, não verás nenhum país como este!”. Ainda me lembro das duas do começo ao fim. Assim como me vejo recitando.
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Havia, também, a merenda que era distribuída para nas escolas públicas do municio pelo programa norte-americano Aliança para o Progresso, que, aos meus olhos e paladar, era a coisa mais deliciosa do mundo. Porém, eu não tinha direito, pois “era filha de gente rica e aquele mingau era só para crianças pobres”. Pense numa injustiça dessas com uma criança! Mesmo assim cheguei a provar e me deliciar algumas vezes, trocando, às escondidas, com uma coleguinha, o meu lanche trazido de casa, pelo seu mingau. Ah se fosse hoje!
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Para o meu consolo havia arroz doce de mamãe, que em nada lembrava o mingau da Aliança para o Progresso, mas era a nossa merenda da tarde.
23/01/2011
Que texto legal! Andava eu à procura de alguma descrição sobre as merendas que recebia no colégio, em Porto Alegre, na mesma época citada, e me deparei com essa maravilhosa lembrança. Eu tinha o 'privilégio' de receber a merenda citada e me parecia que era só um leite gostoso. Agora sei que se tratava de um 'mingau'. Grato pelo texto.
ResponderExcluirINVERSÃO DE VALORES
ResponderExcluirBom dia, gostaria que visitasse meus escritos no Site do www.recantodasletras.com.br, irás rir com a coincidência do nosso texto.
INVERSÃO DE VALORES
Enviado por Risonaldo Costa em 12/04/2014
Código do texto: T4766660
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