“Você é aquilo que ninguém vê. Uma coleção de histórias, estórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos e pensamentos. Se definir é se limitar. Você é um eterno parênteses em aberto, enquanto sua eternidade durar”. Machado de Assis
Eis-me aqui, festejando mais um ano, dos muitos anos, que a
vida me deu a oportunidade de viver o novo, crescer e amadurecer.
Àquela época, achava eu, que havia perdido o rumo. Estava
sem o meu norte.
Mas, o tempo... ah, o tempo! Ele me ensinou e me fez
enxergar que perder dói, e como dói, você chora, você sofre. Logo eu, que
sempre achei que a pessoa a quem amamos tem que ter o seu espaço, tem que ser
livre. Livre pra pensar, amar, respeitar, valorizar e escolher entre o ir e o
ficar. Perdi.
Estava em mim a decisão entre o desistir e lutar. Lutei.
Doeu para não doer nunca mais.
De repente você descobre que mesmo dolorida a vida é para
ser vivida, é preciso somente reinventá-la e dela não desistir. Afinal, o
sofrimento que me derrubou me fez crescer. O que para mim fora uma perda, o
tempo me fez ver que, na realidade, foi um ganho.
O tempo me permitiu enxergar que na vida, além de
sofrimento, traições e injustiça, havia docilidade em viver, foi preciso
coragem para arriscar e humildade para aprender, descobrindo prazeres novos nas
pequenas coisas, nos pequenos gestos, na companhia de amigos queridos, onde o
importante é o ser - não importando o ter - porque o que tem valor
conquista-se, com respeito, generosidade e reciprocidade, saboreando o bom,
mesmo que de vez quando haja o enfrentamento do ruim, mas sem nunca perder o
humor, tendo esperança, numa constante
busca em ser feliz.
Cresci. Refiz minha vida. Amei. Fui amada, valorizada e
motivada a crescer. E, principalmente, me amei.
Mas a vida também nos prega peças, nos traz perdas
irreparáveis e essas não temos como nos prevenir. É a perda das perdas.
Aprendi na dor e com a dor, que ela não pode ser sublimada, a minha resiliência
me fez forte para enfrentar as agruras da vida me fazendo crescer, sem perder a
doçura e sem deixar de ter esperança no que há de vir.
Amadureci. Hoje madura, sou o resultado das coisas vividas,
dos amores que tive e que me tiveram, das minha escolhas, dos meus erros e
acertos. Fazendo um somatório, apesar de tudo ou por causa de tudo, continuo
ganhando a cada dia. Vivendo.
Sou a minha própria história.
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