Meu pai e minha mãe me criaram – também aos meus irmãos -, sem admitir palavrões em nossa casa. Não que eles fossem tão austeros ou falsos moralistas. Nos ensinaram que o uso palavrão não nos levaria a lugar algum e sempre diziam que, além de falta de educação, as pessoas que assim procediam deveriam lavar a boca e a mente suja.
Convém salientar que estou falando de palavrão.
Assim fui criada e do mesmo jeito criei os meus filhos.
Toda essa ladainha a respeito de palavrão e em especial a palavra cacete - que não tenho como habito usar e cujo bordão está incorporado ao dia a dia de todos, como uma coisa ou pessoa chata - é que esta semana me senti entre a cruz e a espada quando o meu filho de apenas dez anos chegou em casa me perguntando:
- Mãe, o que é cacete?
Prontamente respondi.
- Cacete é um pedaço de pau. Por quê?
- Porque – respondeu ele - tem uma anotação do colégio na minha agenda que você tem que assinar.
- O que aconteceu? – Perguntei-lhe antes mesmo de ler a anotação...
- Estávamos tendo, no quarto horário, uma aula de matemática ao ar livre – contou-me – fazendo cálculo mental e eu ao demorar dar a resposta, um dos amigos ficou me empurrando e dizendo:
- Rápido! Rápido!
- Fiquei chateado e disse:
- Sai cacete!
O professor ouviu e me retirou da aula, mandou que eu fosse para a coordenação. Eu perguntei o porquê e ele repetiu:
- Para a coordenação! Disse o professor.
.
Na coordenação, - continuou ele me contando - a coordenadora me mandou procurar a palavra cacete no dicionário e eu não encontrei. Só encontrei “cassete”. E ela me disse:
- Já pensou eu chegar à sala de aula e dizer: “Bom dia cacete!” Fiquei na coordenação até quase o final do quinto horário esperando para ela fazer a anotação na agenda. Finalizou ele.
Eu, já indignada pra cacete perguntei:
- Você quer dizer que perdeu o restante da aula de matemática e mais a outra aula do quinto horário por causa da palavra “cacete”?
- Foi – respondeu ele – e quando cheguei à sala de aula, além dos meninos ficaram me perguntando o que era cacete, só deu tempo de copiar a agenda.
Engoli em seco e só então fui ler a anotação da agenda que dizia que meu filho havia usado palavra “inapropriada” na escola. De pronto respondi que na nossa casa não se usa palavrões, e que, se ele estava usando palavras inapropriadas havia aprendido lá, com os alunos da escola onde ela é a coordenadora.
Não estou aqui defendendo a minha cria. Se a palavra cacete, no sentido em que por ele foi utilizada, e como foi interpretada, vai de encontro às regras impostas pela escola, que ele fosse alertado, orientado e conseguintemente educado para que não mais a repetisse.
A meu ver, educar vai muito além de ensinar a ler e escrever. Para educar você tem que ter o coração e a mente abertos para vida e para o mundo. Olhar e enxergar. Falar com propriedade, sabendo o que está dizendo. Ensinar, aprendendo. E, sobretudo, amar o que faz para poder fazer bem feito.
Pelo visto existem muitas bocas e mentes sujas a serem lavadas e educadas para que possam transmitir algum ensinamento.
E tenho dito.
Cacete
s.m. Bordão mais grosso numa da
extremidade, que em geral
serve como arma;
porrete: levar uma surra de cacete.
Chul. Membro viril; pênis.
Adj. Que abusa da paciência;
maçante, maçador, importuno,
impertinente:
conversa cacete; indivíduo cacete.
Oi Mércia!
ResponderExcluirPela definição a palavra caiu como uma luva. Estes professores precisam ser mais informados, estão contaminados, com a mente suja!
Beijos e uma ótima semana!