domingo, 31 de julho de 2011

Eu não sou o seu filhinho!

Eu e Tomás
Eu não sou o seu filhinho!


Ele está aqui!
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Tomás, o meu neto, está passando férias na casa da vovó!  
E, durante exatos 13 dias, estarei em recesso para o mundo externo, aproveitando cada momento desta curta temporada. 
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O meu pequeno potiguar, mais gaúcho do que nunca, falante feito um papagaio rolé – puxou a mãe – está a coisinha mais linda do mundo. 
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Não é coisa de avó coruja. Ele é lindo, inteligente, carinhoso, educado, engraçado e como toda criança da sua idade – dois anos e nove meses, feitos hoje – têm suas birras e suas chatices características, nada fora da normalidade. É um “profundo conhecedor” de marcas e modelos de carros. Adora “ler” quando um livro lhe cai às mãos, e vem se chegando pedindo para contar a historinha.
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Tenho feito tudo para ficar ao seu lado aproveitando cada momento para curti-lo e enchê-lo de mimo e carinho. Agrado-o com guloseimas como biscoitos, chocolates, raivinha e brigadeiro, que ele chama de “negrinho”, para sua sobremesa, que ele só tem direito se comer todo o almoço. 
Estou treinando para quando setembro chegar cuidar dele sozinha – a mãe vai participar de um congresso em Recife –e eu possa adivinhar todos os seus gostos e desejos, - coitada da minha filha, tomara que ela não se lembre da placa do jardim onde se lê: “Na casa da vovó tudo pode”-.  
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À noite, depois do banho, enquanto o hidrato com creme, ele já se vira para que eu faça um “carinho de gato” nas costas. Mania que passou dos filhos para o neto. Estou ensinando-o a rezar ao deitar e pedir a benção, hábito que tenho até hoje, já tão fora de moda para tantos. 
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O seu vocabulário é primoroso. Tal qual a mãe quando criança, fala gesticulando e com desenvoltura. Em um dos nossos “papos cabeça” ele se virou para mim e perguntou:
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- Vovó, a minha mãe também saiu da sua barriga bem pequenininha, como eu quando nasci? Respondi que sim e que Lucinha e Dudu, também. Todos “saíram” da barriga da vovó. 
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Olhei para Milena interrogativamente e ela disse que a turminha dele havia tido uma aula na creche sobre o assunto. 
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Sempre que eu o chamo de meu filhinho ele rebate:
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- Eu não sou o seu filhinho! Sou o filhinho da mamãe. Eu sou o seu netinho!
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Santa sabedoria...

RAIVINHAS

Raivinhas
Ingredientes
1/2 kg de goma de mandioca (polvilho azedo)
250g de açúcar
125g de manteiga
½ xícara de leite de coco (não use industrializado, interfere no sabor)
2 gemas peneiradas
1 pitada de sal
Manteiga ou margarina, o quanto baste, para untar
Farinha de trigo, o quanto baste, para polvilhar

Modo de Fazer
Bata, muito bem, a manteiga com o açúcar junte as gemas e continue batendo até formar um creme liso.
Aos poucos, com as mãos, vá acrescentado à goma, alternando com o leite de coco, até formar uma bola de massa.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Unte e polvilhe uma ou duas placas de alumínio (a quantidade depende do tamanho das raivinhas).
Faça bolinhas e dê uma leve pressionada com um garfo para decorar as raivinhas.
Coloque-as nas placas, deixando espaço entre elas.
Leve para assar por 20 minutos ou até que fiquem douradas.
Depois de frias, guarde-as em vidros hermeticamente fechados. Duram até 1 mês.

domingo, 24 de julho de 2011

O FAQUIR

O Faquir

O meu mega (em tamanho e volume) amigo, fora acostumado durante sua vida inteira a morar em casa. Chegando a Brasília, optou em receber ajuda de custo para moradia e alugar uma casa grande com piscina, no Lago Norte, abrindo mão do apartamento funcional ao qual tinha direito.
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Pelo seu tamanho e espírito libertino, um apartamento significava uma gaiola, uma prisão, ele necessitava de espaço e liberdade.
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Logo sua casa transformou-se em um “hotel de transito” daqueles que saíam de Natal rumo a Capital Federal, além de ser o “clube” aonde todo o final de semana se reunia a colônia norteriograndense.
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Era lá, também, que de vez em quando ele “acolhia hóspedes temporários” recém chegados a Brasília, até que estes se estabelecessem. Durante o período em que ficavam “hospedados” todas as despesas da casa eram rachadas meio a meio.
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Certa vez, ele teve a honra de receber como “hospede” um paranaense, gente finíssima, tanto no trato quanto no físico e, além de tudo, vegetariano.
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Era engraçado ver os dois, o gordo e o magro, fazendo as compras juntos, cada um carregando o seu respectivo carrinho. Enquanto o carrinho de compras do meu mega amigo era entupido de bebidas e das mais extravagantes comidas, o do coitado do “hospede” era sortido de frutas, legumes, verduras, grãos e chás naturais, para na boca do caixa os dois carrinhos de transformarem em uma única compra e ser rachado igualmente.
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Uma vez, chegamos a sua casa  no horário do almoço, os dois estavam sentados à mesa, cujo prato principal era nada menos do que um pernil de porco com todos os acompanhamentos a que tinha direito. Ele a devorar tudo que passava pela frente e o seu pobre hóspede a se deliciar com um prato de salada. Um dos presentes indagou:
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- Aqui é tudo rachado?
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- É. Respondeu ele, dando um intervalo entre uma garfada e outra.
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- Mas...  Ele não deixou a pessoa terminar o pensamento.
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- Não tem mais nem meio mais. A comida está na mesa, ele não come porque não quer.  Está treinando para ser faquir. Finalizou.



23 de julho de 2011

CHEESECAKE DE ESPINAFRE

Cheesecake de Espinafre

Massa
Ingredientes
1 ½ xícara de biscoito integral, triturado e peneirado.
½ xícara de manteiga sem sal, derretida e fria.

Modo de fazer
Misture a farinha de biscoito com a manteiga e pressione com uma colher, contra o fundo de uma forma de fundo removível com 25 cm de diâmetro.
Asse entre 10 e 15 minutos no forno baixo, deixe esfriar e leve para gelar.

Recheio
Ingredientes
1 dente de alho amassado
1 colher de sopa de azeite
2 xícaras de espinafre pré-cozido com sal

Creme de Cobertura
Ingredientes
1 pote de cream cheese
2 colheres de sopa de farinha de trigo
1 iogurte natural
2 ovos
Alecrim, sal e pimenta do reino a gosto.

Modo de fazer
Pique o espinafre pré-cozido. Refogue o alho no azeite e passe rapidamente o espinafre. Reserve.
Na batedeira, bata o cream cheese até ficar macio, adicione os ovos, a farinha e os temperos. Bata mais um pouco e acrescente o iogurte, misturando delicadamente.
Espalhe o espinafre na forma e cubra com o creme.
Asse em forno médio, pré-aquecido, por cerca de 30 minutos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PERNIL DE CABRITO ASSADO

Imagem Google

Ingredientes
1 pernil de cabrito de aproximadamente 2 kg
6 dentes de alho amassados
1 cebola grande ralada
1 colher de sobremesa de pimenta do reino preta moída na hora
½ xícara de azeite
2 xícaras de vinho tinto
½ xícara de alecrim fresco
½ xícara de hortelã fresco
Sal a gosto
Dentes de alho descascados a gosto
Bacon cortado em cubos compridos

Modo de Fazer
Retire o excesso de gordura e de sebo que fica na carne e a glândula sebácea que se encontra por trás do joelho.
Retire o tendão e corte os nervos perto da ponta do pernil, isso faz com que ele encolha menos e fique mais bonito depois de assado.
Em uma tigela misture a cebola ralada, o alho amassado, a pimenta do reino, o alecrim, o hortelã, o azeite, o vinho e sal a gosto.
Faça pequenos furos em todo o pernil e introduza em cada um deles uma cabeça de alho e/ou um pedaço de bacon.
Coloque-o numa assadeira e tempere-o muito bem com a mistura de temperos, ervas, azeite e vinho.
Cubra-o e deixe-o marinando por pelo menos uma hora.
Pré-aqueça o forno (médio) e leve-o para assar coberto com papel alumínio.
O tempo de cozimento varia de acordo com o tamanho do pernil, leva de 30 a 40 minutos por cada quilo.
Durante o cozimento vire-o de vez em quando o regando com o tempero da assadeira.
Retire o papel alumínio dos últimos 15 minutos para dourar.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

OS DONOS DO MUNDO


Brasília ainda era uma jovem cidade, com apenas 20 anos, quando lá, aprendi a dirigir e tirei a minha carteira de motorista.

Aprendi e acostumei-me, desde então, a não buzinar – a não ser quando realmente é necessário -, a manobrar olhando pelos retrovisores, a fazer baliza, a respeitar a faixa de pedestre, a respeitar a sinalização vertical e horizontal, as faixas de rolamento, e, principalmente, respeitar ao próximo, seja ele motorista ou pedestre. Olhe que lá se vão mais de 30 anos...

O Governo Federal poderia, naquela época, ter feito de Brasília um exemplo a ser seguido pelo resto do país no que diz respeito à civilidade e educação no trânsito. Vindo de Brasília são poucos os exemplos que a cidade nos dá – tratou de nos “deseducar” e o trânsito se tornou cada vez pior. Nem mesmo Brasília foi poupada nesse quesito.

Os motoristas?

Ah, os motoristas... Alguns acham que são os donos do mundo.

Assisto de camarote todos os dias, no estacionamento que possuo na rua Princesa Isabel, no centro de Natal, ao desrespeito às Leis de transito, a arrogância e a prepotência dos motoristas – desde o caminhoneiro ao motorista do carrão importado – que transformam num caos o trânsito já combalido do centro da cidade.

É uma luta diária e até agora inglória, contra a incivilidade dos que não respeitam a precária sinalização existente e se acham os donos do pedaço. Não respeitam a nada e nem a ninguém.

Obstruem um único acesso para cadeirantes que existe nas proximidades. 
Estacionam em cima das calçadas. 
Estacionam em local de carga e descarga. 
Estacionam nos locais destinados aos táxis. 
Estacionam em faixa amarela. 
Param entre duas placas que – se eles não fossem analfabetos de trânsito e ignorantes de cidadania – poderiam enxergar que ali está sinalizado “Proibido Parar e Estacionar” fechando a entrada e saída de veículos do estacionamento.

Embora já tendo sido feita, através de requerimento a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), a solicitação da presença, diária e sistemática, naquela área, de uma autoridade de trânsito, nada foi feito. Os amarelinhos, como são chamados, amarelaram de vez e não aparecem.

Fui várias vezes à garagem daquele órgão municipal, que ironicamente fica a 100 metros do nosso estabelecimento, para solicitar ajuda. Sempre alegam que primeiro temos que ligar para o telefone 156, que não funciona por falta de pagamento, segundo os próprios funcionários, ficando, então, todos os que têm seus direitos infringidos a mercê dos motoristas infratores das Leis de trânsito, que se acham os verdadeiros donos do mundo.

Acham-se. Mas não são. São apenas pobres mortais com seus carrões. Ignorantes, mal educados, analfabetos e assassinos em potencial. Quanto maior o carro mais adjetivados eles são.

26 de maio de 2011

AOS PÉS DA SANTA CRUZ


Aos Pés da Santa Cruz

Eu, uma abecedista - segundo Léo, abecista, pior do que comunista, pois ninguém convence -, rodeada de americanos por todos os lados, esperei pacientemente o final do campeonato para finalmente poder ver pela 52ª o meu ABC se tornar campeão estadual.

Aguentei durante esse tempo meu vizinho, o ex-craque do América, Véscio Pinheiro, olhar para o meu carro - que tem uma camisa do meu timão pendurada no retrovisor interno -, na garagem de casa e dizer:

- Mércia, tenha vergonha. Tire isso do seu carro!

E ainda na semana passada quando me viu foi logo cantando:

- Aos pés da Santa Cruz você se ajoelhou...

Aguento há tempos Léo entrar no meu carro e enrolar a coitada da camisa do ABC com a desculpa que lhe atrapalha a visão.

Aguento há tempos, na lista de discussão “Aldeia Poti” e nos sites de relacionamento Orkut e Facebook, muda, quieta e rindo, na maioria das vezes, todos os tipos gozações, desde o “time fora de série” ao “tombo levado em Santa Cruz”.

Esperei o domingo chegar e o meu time se consagrar para responder a Léo, a Chagas Lourenço (Chaguinhas), ao poeta Antoniel Campos, ao poeta Plínio Sanderson, a Véscio Pinheiro e a todos que de um jeito ou de outro são antiabecedistas, que no futebol assim como na vida, é com “tombos” que crescemos.

Realmente somos um time fora de série uma vez que saímos do nada e nos sagramos campeão Brasileiro da Série C.

Somos um time fora de série por sermos o maior campeão de estaduais do Brasil.

Em verdade vos digo: É colocando os joelhos no chão, aos pés da Santa Cruz – e jogando bola -, que nos tornamos vitoriosos. Pena que todos vocês não tenham um santo a clamar, um altar para se ajoelhar e muito menos um time para ganhar.

E tenho dito.


09 de maio de 2011

UM ANO DE SAUDADE


Um Ano de Saudade

"O mundo é mágico. 
As pessoas não morrem, ficam encantadas".
João Guimarães Rosa


Na MAGIA desse mundo me pergunto: Aonde vou haverá um pai igual ao meu?

Faço essa pergunta hoje, dia do dia que marca os muitos dias em que ele morreu. Não por considerar o meu pai um modelo de pai, mas porque ele era o meu pai e, portanto era único.
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Todos os pais são únicos para cada um de seus filhos, mesmo quando têm muitos, como era o caso do meu.
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Ele foi especial para mim, diferente do pai que foi para cada um de meus irmãos, embora eu saiba que foi especial para todos eles, de forma diferente da minha. Cada um tem as suas lembranças que fazem de cada um nós o que somos hoje.
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Não sei se ele me amaria mais do que me amou se eu não fosse quem eu sou. Mas eu senti esse amor incondicional por toda a minha vida. O orgulho que ele sentia de mim.
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Dele herdei algumas coisas.   Ele era um homem bom, mas acho que eu nem tanto. Não sou assim uma tão boa mulher, mas deixo que pensem que sou.
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Herdei a lealdade, o gosto de fazer amizade.
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Herdei o gosto pelas coisas da política embora não tenhamos concluído o nosso sonho enquanto ele era vivo.
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Herdei o gosto pelas coisas simples, herdei o seu amor pelo mato, o cheiro de terra molhada.
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Herdei o seu orgulho pela nossa terra.

As lembranças dele que estão em meu coração.
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Eu me lembro dele de trás para frente, de frente para trás, os tempos se misturando como se fosse um tempo só.
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Eu me lembro dele todos os dias.
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Eu me lembro de todos os nossos sonhos, de todas as nossas aventuras.
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Eu me lembro de todas as nossas brigas, de todas as nossas risadas, de todas as nossas festas.
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Eu me lembro de todas as vezes que o acompanhei ao médico, todas as vezes que estive com ele no hospital, eu me lembro de quando ele se ENCANTOU...


04 de abril 2008

SAUDADE DO MEU PAI


Saudade do meu pai


Ruy de Carvalho, meu pai, nascido em Papary, hoje Nísia Floresta, e criado na “Fazenda Pavilhão”, foi o homem a quem sempre tive o orgulho e o privilégio de chamar de pai. Era Bonito, principalmente por dentro, íntegro, honesto, honrado e digno. Homem simples, como simples foi sua vida. Rude. Mas, doce.
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A sinceridade e a lealdade lhe acompanharam durante toda sua caminhada.
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Homem que amou. Ah, como meu pai amou! Amou tanto, que acho que morreu de amor. Homem que sofreu. Ah, como meu pai sofreu! Sofreu por amor. Sentiu solidão. Quanta solidão!
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E eu já adulta, trabalhando, criando meus filhos, andando pela vida... Adotei-lhe. Na minha casa brincando com meus filhos, cabelos brancos denunciando o cansaço da vida e rugas marcadas pelo tempo, na luta de ser sempre um pai.
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 E eu não via mais um pai, mas um amigo. Que saudade, pai! Que saudade, meu amigo! Saudade das nossas idas ao sítio “Coqueiros”. Saudade dos nossos planos, dos nossos sonhos... Quantos sonhos sonhamos juntos! Quantos planos fizemos juntos!
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Ensinei-lhe a dizer: eu lhe amo. E como lhe amo, meu pai. E como tenho certeza do seu amor por mim.
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Você sempre me dizia que eu ainda iria ser muito feliz. Na sua debilidade nunca teve a consciência das minhas perdas e, também, dos meus ganhos nesses últimos tempos.
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Na última vez que eu lhe vi, talvez em seu derradeiro lampejo de consciência, eu disse:
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- Eu lhe amo, papai.
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Você me respondeu quase sem voz:
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- Eu lhe amo demais!
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Você me disse tudo meu pai. Você conseguiu.
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E agora você aí tão calmo, sereno... Pai, meu amigo, a gente se encontrará um dia para matar a saudade e falar do nosso amor... Para você mais uma vez me chamar de filha...

07 de abril de 2007

quinta-feira, 14 de julho de 2011

MEU CAMPEÃO

Meu Campeão

Imagine uma pessoinha cri-cri e compenetrada nas competições das quais participa. Assim é meu filho, fim de rama, Dudu. Ops! Dudu não. Brigadeiro, como o meu pai o chamava. Também não. EDUARDO.
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Domingo passado fui levá-lo, antes das oito da manhã, para participar do Campeonato Potiguar de Xadrez sub 10, realizado pela Federação Norteriograndense de Xadrez, ainda na porta ele foi logo avisando:
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- Quando terminar eu lhe ligo!
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- Sim senhor. Respondi sorrindo dando-lhe um beijo desejando boa sorte.
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Perto do meio-dia ele ligou.
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- Pronto mamãe terminou.
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E lá fui eu. De longe já vi seu semblante sério. Alguma coisa não havia saído como ele desejava, imaginei. Quando entrou no carro fui logo perguntando:
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- E aí filhinho, como foi?
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- Bobeie. Respondeu ele sisudo.
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- Bobeou, como? Perdeu todas? Perguntei.
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- Não mãe! Bobeie e fiquei com o vice-campeonato - disse-me segurando a medalha que carregava no pescoço
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-. Mas estou classificado para o campeonato do Nordeste. Completou.
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- E você acha pouco? Parabéns, meu filho campeão! Disse-lhe já cheia de orgulho daquela figura que ainda não tem consciência da grandeza do seu feito.
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Saímos conversando e ao chegar a nossa casa ele já havia assimilado que nas competições, assim como na vida, nem sempre ganhamos, mas é assim que aprendemos a jogar, a viver e a crescer.
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Foi direto para o computador e voltou dizendo:
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- Pronto mamãe, já coloquei a notícia no meu Orkut.
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Eis o meu campeão!


CANJICA DE SÃO JOÃO

Na fogueira de São João eu quero brincar...

Neta de baloeiro (naquela época podia soltar balão), filha de pai festeiro chegado a um forró pé de serra e mãe chegada a uma comilança, eu não poderia ter saído de outro jeito e não ser chegada a uma festança com arrasta pé e comes e bebes.
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Desde criança, durante o período junino, assistia meu avô materno fazendo balões, para soltá-los na noite de São João, em frente a sua casa no oitão da igreja, lá em Nísia Floresta.
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Mamãe, junto com todas as suas “afilhadas” se embrenhava na cozinha para dar conta do tacho imenso de canjica e pamonha – naquela época era comum presentear os vizinhos e parentes com um prato de canjica - além de arroz doce, bolo pé-de-moleque, bolo de mandioca mole, bolo de batata doce e por aí vai, enquanto ficávamos a espreita para raspar o tacho da canjica e lamber a tigela de bolo.
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Papai se empenhava em construir a imensa fogueira defronte a casa e comprava caixas e mais caixas de fogos para deleite da meninada.
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Estava armado o nosso arraial.
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No cair da noite meu pai acendia a fogueira e começava a festança e enquanto as espigas de milho e batata doce eram assadas na fogueira, ele fazia a distribuição dos fogos entre a filharada.
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A potência dos fogos ia de acordo com a idade e a coragem de cada um. Eu jamais ia além dos traques de chumbo e das estrelinhas - a cada estouro de uma bomba era um choque que eu levava e um pulo que eu dava -, assistia de longe os meninos maiores estourarem as bombas pirulito em baixo de uma lata só pra ver a altura em que ela ia.
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Lembro certa vez eu estava feliz da vida queimando a minha estrelinha quando minha irmã mais velha chegou do meu lado para soltar um “peido de véia” e o danado explodiu na sua mão. O meu susto foi tão grande que desmaiei.
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Que Santo Antonio, São João e São Pedro me perdoem, mas se existe uma coisa nos festejos juninos que eu não acho a menor graça, são as famosas bombinhas.
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Freud explica.


Canjica de São João 
Ingredientes 
½ mão de milho (25 espigas)
2 cocos secos ralados
2 gemas peneiradas
2 colheres de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de nata
2 xícaras de açúcar (aproximadamente)
1 pitada de sal
50 ml de chá de cravo (feito com 10 cravos)
Canela para polvilhar

Modo de Fazer
Desempalhe e tire os “cabelos” das espigas de milho.
Com uma faca afiada debulhe todas as espigas.
Com os dois cocos ralados faça 1/2 litro de leite de coco grosso. Reserve.
Com o bagaço do coco faça 1 ½ a 2 litros de leite de coco fino.
Vá passando no liquidificador, porções de milho debulhado com o leite de coco fino, e peneirando depois, até terminar todo o milho.
Coloque num tacho grande e “tempere” com açúcar, as gemas peneiradas e uma pitada de sal.
Leve ao fogo baixo, mexendo sempre, e cozinhe por aproximadamente meia hora.
Quando ela encorpar e ferver verifique o açúcar. Acrescente a manteiga, a nata e o chá. Continue cozinhando e mexendo sempre, por meia hora ou mais, acrescentando aos poucos o leite de coco grosso.
A canjica estará no ponto quando começar a soltar da panela e a fazer “rugas” na parte de cima do creme. Ela deve ficar bem cozida.
Retire do fogo e coloque em travessas ou em porções individuais.
Polvilhe com canela em pó.
Sirva fria ou gelada.


19 de junho de 2011

SALMÃO AO FORNO COM BATATAS E MOLHO DE ALCAPARRAS

Ter ou não ter namorado
 “Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. 
Namorado é a mais difícil das conquistas.
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Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil.
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Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
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Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
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Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
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Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.
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Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.
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Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
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Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.
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Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
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Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
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Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. 
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Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
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Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. 
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Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. 
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Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
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Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. 
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Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
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Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.”
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Artur da Távola

Que os namorados, amantes, casados e ficantes, descubram o encantamento e o “enlouquecimento” do que é estar enamorado.
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Amem-se!
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Feliz dia dos namorados!


Salmão ao Forno com Batatas e molho de Alcaparras
Ingredientes
1kg de filé de salmão
2 dentes de alho amassados
Suco de 1/2 limão
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
Azeite o quanto baste
Alecrim a gosto
500gr de batatas em rodelas pré-cozidas na água e sal
2 colheres de sopa de manteiga
4 colheres de sopa cheias de Alcaparras

Modo de Fazer
Tempere o filé de salmão com alho, pimenta do reino e suco de limão e deixe marinando por pelo menos uma hora.
Enquanto isso descasque as batatas e corte-as em rodelas largas e leve-as para cozinhar, levemente, na água e sal. Reserve.
Em um refratário, levemente untado com azeite, coloque no centro o filé marinado e as batatas ao seu redor, polvilhe com alecrim e regue com azeite a gosto.
Cubra com papel alumínio e leve ao forno médio, pré-aquecido, por uns 30 minutos. Nos últimos 10 minutos, retire o papel alumínio para dourar.
Lave bem e escorra as alcaparras.
Leve ao fogo, em banho-maria, a manteiga, mexendo constantemente, tempere com pimenta do reino a gosto e sal, se necessário, acrescente as alcaparras. Misture bem.
Retire o salmão do forno, regue com o molho de alcaparras e sirva.


12 de junho de 2011

ARROZ DA TERRA DE POTI

Nessa Terra de Poti de tudo há, de tudo tem.

Há muitos anos, num dos alpendres do nosso litoral, um grupo de amigos esperava, há horas, pelo convidado de honra que, como a maioria das pessoas se acha o rei da cocada preta. Existem pessoas que quando - por algum período - estão por cima da carne seca, ocupando algum cargo de destaque se acham superiores às outras.
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Ele não chegava e nem dava notícias.
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A dona da casa se esmerou no rega-bofe. E, enquanto o convidado especial não chegava à pobre coitada começou a servir os tira-gostos, deixando sempre a melhor parte deles guardada para aquele que teimava em não chegar.
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Lá pras tantas, diante de mais um prato de cabeças de tainhas, lindamente fritas e decoradas, um dos presentes soltou o verbo:
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- Me diga uma coisa, essas tainhas vão tirar carteira de identidade?
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A interrogação foi geral.
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- Por quê?
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- Ora, - respondeu ele – só está vindo feito foto 3x4!
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Esta é minha terra...

Arroz da Terra de Poti
Ingredientes
2 xícaras de arroz da terra
1 ½ xícara de água
1 ½ xícara de leite de coco (feito em casa)
Sal a gosto
100gr de nata fresca
100gr queijo de coalho ralado grosso

Camarão
Ingredientes
1 kg de filé de camarões crus, graúdos
Sal a gosto
Pimenta do reino a gosto
50 ml de manteiga da terra
2 dentes de alho amassados
2 pimentas de cheiro cortas em lâminas (opcional)
2 cebolas roxa raladas
2 tomates maduros, sem pele, cortados em cubos
½ xícara de coentro e cebolinha verde picados
100gr de nata fresca

Modo de Fazer
Lave muito bem e escorra o arroz da terra.
Leve-o para cozinhar com a água e sal a gosto. Vá acrescentando o leite de coco à medida que a água vai evaporando, até que o arroz esteja cozido.
Retire do fogo e acrescente a nata fresca, misture bem.
Enquanto o arroz está sendo cozido, prepare o camarão.
Tempere os camarões com a pimenta do reino e sal a gosto.
Leve ao fogo uma panela com a manteiga de garrafa e refogue o alho e a cebola, acrescente os tomates e a pimenta de cheiro. Deixe refogar um pouco.
Acrescente os camarões e refogue por aproximadamente três minutos, até que eles fiquem vermelhos e tenros.
Coloque a nata fresca, o coentro e a cebolinha picados e misture.
Verifique o sal.
Retire do fogo e comece a montagem do prato.

Montando o Prato
Em uma travessa, de preferência de barro, que possa ir ao forno, coloque metade do arroz, cubra com metade do camarão.
Repita esse procedimento.
Polvilhe com o queijo de coalho ralado e leve ao forno médio, pré-aquecido, para gratinar.
Sirva imediatamente.


05 de junho de 2011

GELATINA ARCO IRIS

Arco Iris

Levante o dedo quem não se apaixonou na adolescência!
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Eu tinha treze anos quando me apaixonei platonicamente por um dos meninos da minha turma.
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 Só recordo que a partir daí deixei as brincadeiras de criança de lado e os meus olhos só enxergavam aquele “brotinho” vestido a “La Roberto Carlos” desde a calça boca de sino, a botinha, o cinto largo, a pulseira, até o cabelo. Sem esquecer o medalhão.
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Da turma, ele era um dos mais velhos – imagino que tinha uns dezesseis anos – o mais estudioso, mais educado, mais atencioso e o mais estiloso, também.
Todas as noites a turma toda se reunia na pracinha, até que papai dava a ordem:
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- Está na hora. Para casa!
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E lá íamos nós, eu e minhas irmãs, dormir, enquanto o resto da turma ficava até altas horas.
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A cada final de semana, organizávamos uma “suarê” para dançar e conversar. Cada um levava seus discos de vinil e refrigerantes, enquanto os meninos, além dos discos, se cotizavam e compravam Rum Montilla ou cachaça e faziam a “iniciação alcoólica” com “cuba libre” ou batida de frutas.
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E eu lá, sem que ninguém soubesse, de olho comprido. Platonicamente apaixonada. E ele nem me enxergava...
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Certo dia, durante um picnic na casa de uma das meninas da turma, cujo quintal mais parecia um sítio, observando de longe percebi que, decididamente, as meninas da turma não eram a praia dele. Ele era estudioso demais, delicado demais, arrumadinho demais... Desapaixonei.
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Encontrei-o depois de uns trinta anos, homem maduro, sério e... Assumido!
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Demos grandes risadas lembrando e matando a saudade da nossa época.
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Finalmente entendi que ele sempre estivera fora do armário. Só eu não enxergava.
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Cest la vie!

Gelatina Arco Iris
Ingredientes
1 caixa de gelatina de framboesa ou morango
1 caixa de gelatina de abacaxi ou maracujá ou tangerina
1 caixa de gelatina de limão
1 caixa de gelatina de tutti-frutti
1 caixa de gelatina de uva
150 ml de água fervente para cada sabor de gelatina
150ml de água gelada para cada sabor de gelatina
Óleo para untar a forma caso deseje desenformar

Creme
Ingredientes
2 copos de iogurte natural
1/2 caixa de leite condensado
1 envelope de gelatina sem sabor
Água natural o quanto baste para completar 500 ml
NOTA
Em primeiro lugar faça à cubagem do recipiente em que vai ser montada a gelatina, ele tem que caber 2 litros de líquido.
Você pode montar em uma travessa alta de vidro transparente que não há necessidade de desenformar e fica um visual belíssimo. Se você quiser desenformar, faça numa forma de furo no centro ou numa forma de bolo inglês, nesse caso unte-as com óleo e desenforme pouco antes de servir.

Modo de Fazer
Preparando o creme de iogurte
Hidrate a gelatina sem sabor com água o suficiente e leve ao microondas por 20 segundos ou ao banho Maria até ela dissolva.
No copo do liquidificador coloque o iogurte, o leite condensado, a gelatina sem sabor dissolvida e complete com água natural até completar 500 ml.
Liquidifique ligeiramente e reserve.

Preparando a gelatina
Inicie o primeiro sabor dissolvendo o conteúdo da caixa de gelatina com 150ml de água fervente. Adicione 150 ml de água gelada e misture bem.
Despeje 200 ml do primeiro sabor no recipiente aonde vai montar a gelatina e leve ao congelador, esse processo leva em média de 10 a 15 minutos cada camada.
Misture bem o restante da gelatina a 100 ml do creme de iogurte.
Passados o tempo, coloque cuidadosamente o creme sobre a gelatina e leve novamente ao congelador para solidificar.
Repita esse processo com todos os outros sabores.
Cubra com filme plástico e deixe na geladeira.
Se for feito numa forma deverá ficar por 12 horas na geladeira para poder desenformar.
Desenforme no momento de servir.
Decore a gosto com frutas, gelatina picada ou chantilly.

NOTA
Se você tem restrições de açúcar e gordura, utilize gelatina diet, o iogurte desnatado e no lugar do leite condensado use adoçante em pó de sua preferência.


29 de maio de 2011

PEIXE COZIDO COM PIRÃO COBERTO

Casa de Pescador

Durante a minha infância eu tinha “ódio” de comer feijão. No meu caso, somente queria comer arroz com camarão, arroz com bife, arroz com carne de sol, arroz com pirão de cozido, arroz com galinha, arroz com peixe frito, arroz com... E peixe cozido com pirão em camadas da casa de Marli. Menos arroz com feijão.
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Passei minha infância com trauma de feijão, principalmente de feijão feito com leite de coco e coentro, receita preferida do meu pai. Muitas vezes “engolia” o feijão por causa de uma “maldita” sandália de plástico duro, a quem demos o nome de “Brigite” e não me pergunte o porquê, que papai arrumou não sei aonde e nem com quem, tirando-lhe as tiras e deixando só o solado, que era colocada a postos na mesa para quem não quisesse comer o “bendito” feijão.
Dizia papai que eu não era chinesa para só querer comer arroz e estava ficando “amarela” por não comer feijão. Sempre o feijão!
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Marli trabalhava em nossa casa, morava no Porto, em Nísia Floresta, e seus irmãos eram pescadores na lagoa de Papary e lá, feijão não entrava!
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Sempre que Marli ia para casa lá ia eu, com uma “feira” providenciada por mamãe, pensando, ela, que eu iria comer outra coisa além de peixe com pirão.
Aquela casa simples de pescador feita de taipa, coberta de palha e de chão batido, tornara-se o meu refugio. Era o lugar onde eu não era obrigada a comer feijão. Lá eu estava livre de “Brigite” e... Do feijão!
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Na minha visão infantil eu não entendia por que para ficar forte e saudável a gente tinha que coisas que não gostávamos. Mas, na casa de Marli tudo que eles tinham era peixe com pirão.
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Com as lições recebidas vida a fora, com exceção de quiabo, aprendi a comer e a gostar de tudo. Principalmente, de feijão. Mas, não me sai da memória a sensação de liberdade que eu sentia em me deliciar com o peixe com pirão coberto da casa de Marli.
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Chega de saudade. Vamos à receita:

Peixe Cozido com Pirão Coberto
Ingredientes
4 postas de cioba, limpas e lavadas
Água o suficiente
2 tomates cortados em oito pedaços
2 cebolas roxas grandes cortadas ao meio
1 pimentão pequeno cortado em oito pedaços
1 molho de coentro e cebolinha amarrado.
1 colher de chá de vinagre
1 fio de óleo ou azeite
Pimenta de cheiro a gosto
Sal a gosto
Farinha o suficiente para o pirão coberto.

Peixe Cozido
Modo de Fazer
Coloque, em uma panela grande, (para que as postas do peixe não fiquem sobrepostas) a água (proporcional à quantidade de peixe a ser cozido), os tomates, as cebolas, o pimentão, o molho de coentro e cebolinha, a pimenta
de cheiro, o vinagre, o óleo e o sal a gosto e leve ao fogo até levantar fervura.
Deixe ferver por alguns minutos e só então adicione as postas de peixe. Deixe cozinhar por uns 10 minutos com a panela tampada.
Lembre-se que peixe cozinha rápido e depois de cozido deve ser manuseado com muito cuidado para que as postas não se “quebrem”.


Pirão Coberto
Modo de Fazer
O pirão coberto é feito com camadas de farinha e o caldo de peixe fervente.
Em uma tigela coloque um pouco de farinha e cubra com o caldo.
Vá alternando os “punhados” de farinha com o caldo do peixe fervente, sendo a última camada de caldo.
Não precisa mexer.


07 de novembro de 2010

LAGOSTA ASSADA COM ERVAS FINAS

A Guerra da Lagosta

Brasília, princípio dos anos 1980. Deu-se a 1ª Guerra da Lagosta.
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Acabara de chegar de Natal um “carregamento” de lagosta vindo por um dos muitos portadores famosos, que ia de senadores, deputados, secretários de estado e até de pessoas comuns, que se submetiam a levar a “Cobal” do “Presidente” da nossa colônia natalense. Vale salientar que a Cobal era como se fosse uma espécie de cesta básica da época.
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Os produtos da chamada “Cesta Básica da “Cobal”, geralmente consistiam em feijão verde, carne de sol, camarão e produtos do sertão, enviada pelos pais do “Presidente” ou pela família de qualquer outro membro do grupo. Só que desta vez era LAGOSTA. Uma “Cobal” inteira de LAGOSTAS!
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Como sempre, houve a reunião semanal para que fosse decidido o almoço. E a pauta estava recheada de interrogações e batalhas a serem travadas e vencidas: Quando seria, aonde seria e quem seriam os convidados para o almoço. Primeiro porque lagosta é lagosta aqui e na China e, por maior que fosse a quantidade, não daria para todos os que faziam parte da colônia. Segundo, porque lagosta “não rende” e a grande maioria não iria querer outra coisa a não ser lagosta.
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Só aí já tínhamos a primeira batalha travada a ser vencida.
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A segunda batalha deu-se na tomada de decisão de onde seria, uma vez que o almoço semanal geralmente era feito na casa do “presidente do clube” e não havia necessidade de convite, quem chegava participava, de mãos vazias ou não, com muita sede e faminto, na maioria das vezes.
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A primeira decisão tomada foi a de que o almoço deveria ser realizado em “campo neutro”, aonde os “agregados” não tivessem o acesso que tinham na “presidência”.
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Decidiu-se por fazer na casa de um amigo, não membro da colônia, que eventualmente freqüentava o grupo.
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A terceira batalha, a mais tenebrosa de todas, era a relação de quem iria. A princípio seriam os membros da “diretoria” e alguns convidados especiais.
Aí foi aceso o estopim para o início da “1ª Guerra da Lagosta”.
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No sábado, lá fomos nós, sedentos e famintos para a comilança. Ops! Quero dizer: para a guerra!
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Nós mulheres, estávamos na cozinha a preparar as lagostas, quando ouvimos a primeira bomba estourar e corremos todas para o “front”.
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Estavam chegando, em caravana, os amigos, amigos dos amigos e inimigos também. Convidados, convidados dos convidados e os penetras, também. O mal estar foi geral.
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Estava declarada a 1ª Guerra da Lagosta.


Lagosta Assada com Ervas Finas
Ingredientes
6 caldas grandes e frescas de lagosta
100ml de azeite extra virgem
200g manteiga com sal derretida
2 dentes de alho picados
20g de ervas finas
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto

Modo de Fazer
Corte as caldas de lagosta ao meio, no sentido do comprimento, separe as duas metades, retire os intestinos e lave em água corrente.
Tempere com sal e pimenta do reino a gosto, coloque em um refratário com a parte carnosa virada para cima, regue com o azeite e leve ao pré-aquecido a 200ºC por 5 minutos. Enquanto isso derreta a manteiga e misture o alho e as ervas finas. Retire do forno e regue as caldas com a manteiga temperada, retorne ao forno e deixe assar por mais 10 ou 15 minutos.

DICAS
A lagosta assada com ervas finas é uma receita da cozinha italiana onde os pratos são preparados de forma a valorizar o perfume natural dos ingredientes.
Mas atenção, quanto mais tempo de fogo, mais ela desidrata e resseca.


31 de outubro de 2010

PITU AO LEITE DE COCO

Saudade...

Tenho andado saudosista nas últimas semanas.
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Sem perceber, fui buscar lembranças da infância e de um dos principais personagens da minha vida, meu pai, Ruy de Carvalho. Hoje, 24, se vivo estivesse, faria 89 anos.
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Há pouco mais de três anos ele se encantou... E deixou-me encantada pela vida e por ter tido o privilégio de tê-lo como pai e mentor. Homem simples e bom. Sua maior virtude consistia na grandeza de amar e querer o bem de todos. Forte que nem um carvalho. Rude como um bicho. Doce como uma criança e... Dançarino de primeira grandeza.
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Ensinou-me a dançar, a brincar, a sorrir e a viver.
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A cada aniversário, dizia que viveria 96 anos - ficou me devendo mais de 10 –, Deus o chamou antes.
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Hoje, em sua homenagem, como se aqui estivesse, farei o que sempre fazia em sua companhia, irei a Nízia Floresta em busca de camarão Pitu da Lagoa de Papary para almoçar e - que Drummond me permita -, com o coração, lhe falarei do meu amor, da minha saudade e da sua ausência...

Ausência
(Carlos Drummond de Andrade)
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Pitu ao Leite de Coco
Ingredientes
02 kg de pitu com casca
01 litro de coco grosso retirado de três cocos secos
03 cebolas grandes picadas
04 tomates picados
01 pimentão verde picado
01 molho de coentro e cebolinha picado
Pimenta de cheiro a gosto
Sal, pimenta do reino e colorau a gosto

Modo de fazer
Retire barbatanas. Corte logo acima dos olhos para retirar os intestinos. Retire a tripa pelo rabo. Lave os pitus.
Em uma panela grande, de preferência de barro, coloque os pitus com todos os temperos. Leve ao fogo e deixe cozinhar, na própria água, de 15 a 20 minutos. Quando estiver quase cozido, acrescente o leite de coco e deixe ferver por mais 05 minutos.
Sirva com arroz de leite e pirão feito do caldo do pitu.

DICAS:
A melhor maneira de comer pitu com casca é com as mãos.
Deixe a etiqueta de lado – pegue o bichinho com as mãos para sugar o caldo temperado.
Comer pitu na casca é a melhor coisa do mundo!


24 de outubro de 2010

MOQUECA DE ARRAIA


História de Pescador

Praieira de nascença e de criação.
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Durante todo o ano não havia um domingo que papai não levasse a sua prole grande, em cima do seu jipe ou camioneta, as praias ou lagoas de Nízia Floresta.
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A princípio, ainda pequenas, eu e minhas irmãs, veraniáva-mos em Tibau do Sul, uma das primeiras casas de veraneio, ainda de taipa, era nossa. Lembro-me que às sextas-feiras, ficávamos em cima da falésia assistindo papai fazer a travessia da Lagoa de Patané, em Surubajá, na canoa de seu João com a nossa feira.
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Lembro-me, ainda, que como o veraneio era longo, de novembro a março, tínhamos aula particular com Maria José filha de seu Quinco. De Tibau, recordo, na minha visão infantil, das festas populares, do Fandango e, principalmente, do Boi de Reis com o seu imenso Jaraguá.
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Depois que meu pai tonou-se comerciante, e com cinco filhos a mais, já não tínhamos um veraneio longo, mas o seu espírito aventureiro de pescador não deixava escapar um só final de semana ou feriado. E lá íamos nós passar o dia na Barreta, deixava-mos o carro em Campo de Santana e escalava-mos o morro com toda a bagagem até a praia, na casa de Zé de Tatá e dona Alzira ou num terreno que ele tinha a beira mar de Camurupim, em frente à Pedra Oca, sem que na volta deixasse-mos de tomar um banho doce na Boa Cica. Era uma verdadeira aventura. Um verdadeiro pic-nic.
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Quando não íamos à praia, íamos às inúmeras lagoas da minha terra, Bonfim, Carcará, Arituba, Boágua... Tínhamos o costume de arrodear à Boágua para colher "guajiru" e papai, como bom desbravador, descobriu na outra margem, à beira da lagoa, um cajueiro grande que, adotado por todos nós, foi limpo e tornou-se o nosso refúgio. Embaixo da sua copa, onde redes eram armadas, sentava-mos a sua sombra para o almoço e a nossa frente uma lagoa linda e limpa onde passávamos o dia a brincar pulando de "trapiche" construído por ele para o nosso lazer, com o tempo tornou-se conhecido como "o cajueiro de seu Ruy".
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Pela infância que tive adoro rios, lagoas e o mar e tudo que deles vêm.
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Certa vez, esperando mais um rede de arrasto, a beira do mar, para surpresa de todos veio uma arraia. O pescador,com a experiência que a vida no mar lhe deu, disse-nos que ele iria prepará-la para nós. Tratou-a e levou suas "asas" ao fogo com a água do mar, para que a carne amolecesse e fosse tirada a pele e a cartilagem. Hoje em dia, com a poluição existente em nossas praias, já não podemos fazer isso, mas lhe asseguro foi a mais saborosa moqueca de arraia que comi em toda minha vida.
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Eis a receita.


Moqueca de Arraia
Ingredientes
1 kg de arraia desfiada
2 xícaras de leite de coco
2 cebolas em rodelas
2 tomates grandes em rodelas
1 pimentão pequeno em rodelas
1/2 molho de cebolinha picado
1/2 molho de coentro picado
2 dentes de alho amassados
1 colher de sobremesa de colorau
2 colheres de sopa de azeite de dendê
2 pimentas de cheiro (opcional)
Sal e pimenta do reino agosto

Modo de Preparo
Cozinhe a arraia por 15 minutos na água e sal para retirar a pele e separar a carne da cartilagem. Desfie e reserve.
Em uma panela, de preferência de barro, faça um refogado com as cebolas, os tomates, o pimentão e o alho, acrescente a arraia e misture bem, cubra-a com o leite de coco e acrescente o colorau, o azeite de dendê, o coentro, a cebolinha, as pimentas e o sal. Tampe a panela e quando começar a ferver conte 8 oito minutos. Corrija o sal e sirva com arroz branco.


17 de outubro de 2010

COZIDO NORDESTINO

Cozido tem cara de domingo

Eis um prato que me traz saudades da infância. O cozido. Lembro-me, quando criança, na minha pequena e querida Nísia Floresta, que só havia abate de gado uma vez por semana. E o domingo era o dia do cozido.
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Naquela época não tínhamos a variedade de verduras e legumes que temos hoje, mas o cozido que minha mãe fazia continha tudo o que podíamos dispor para que ele se tornasse um prato substancioso e suculento, onde a nossa “pequena” família, composta de oito filhos e todos os agregados afilhados de papai e mamãe. Na mesa grande nos deleitávamos com um verdadeiro cozido nordestino.
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O aprendizado da infância é para a vida toda.
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Nas três refeições do dia, todos reunidos à mesa, era hora de alegria e contentamento. Eu sempre dizia que a nossa família era um circo em constante espetáculo. A cada data festiva, a cada almoço, a cada reunião, era uma festa e... Algumas brigas também.
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Eu, festeira por natureza, sempre gostei de casa cheia e de cozido. Já fiz cozido para uns poucos e também para um batalhão de amigos. Certa vez, durante um veraneio, fiz um cozido numa panela tão grande que eu para alcançá-la, no alto do meu metro e meio, tive que me equilibrar sobre um tamborete.
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Cozido é isso, é plural, dentro e fora da panela. Ele tem a cara do domingo. E, não é um prato para se comer sozinho. O cozido é um prato para reunir a família e os amigos, e matar, além da fome, a saudade.

Cozido Nordestino
Ingredientes
05 kg de carnes de sua preferência (chambaril, coxão duro, músculo, peito, costela) em pedaços (escolha pelo menos três tipos)
1/2 kg de carne de charque escaldada cortada em cubos pequenos dois paios cortados em rodelas dois lingüiças do sertão ou lingüiça portuguesa defumada em pedaços
03 cenouras grandes cortadas em quatro
1 kg de batata inglesa cortadas ao meio dois chuchus grandes cortados em oito
01 repolho pequeno cortado em quatro
1/2 kg batatas doce cortadas ao meio
1/2 kg de macaxeira em pedaços
1/2 kg de inhame em pedaços
04 espigas de milho cortadas ao meio
12 maxixes inteiros
12 quiabos inteiros
1 kg de jerimum cortado em cubos grandes
05 cebolas pequenas inteiras
12 folhas de couve amarradas (ou presas com um palito)
04 bananas da terra cortadas ao meio, com as cascas
03 tomates picados
03 cebolas raladas
06 dentes de alho socados
01 pimentão pequeno picado2 colheres de sopa de óleo
02 folhas de louro
01 colher (sobremesa) de colorau
01 colher (sopa) de hortelã picada
01 colher (sopa) de salsinha picada
01 colher (sopa) de cebolinha picada
Sal e pimenta do reino a gosto
Pimenta de cheiro a gosto
Farinha para o pirão

Modo de fazer
Na véspera, coloque a charque de molho na água. Corte as carnes frescas, limpe-as, tirando o excesso de gordura e tempere com sal, pimenta do reino, uma cebola ralada, três dentes alhos socados, hortelã, salsinha e cebolinha picados.
Leve-as a geladeira, em um recipiente grande e fechado até o dia seguinte. No dia, descasque, corte e lave os legumes. Coloque-os de molho em água temperada com suco de limão ou vinagre. Reserve.
Leve água ao fogo para ferver.
Em um caldeirão grande, faça um refogado com o restante do alho e da cebola, os tomates, o pimentão e o colorau.
Acrescente a carne de charque e as carnes frescas, o paio e a lingüiça. Refogue-as no próprio suco até ficarem douradas.
Vá colocando, aos poucos, a água fervente deixando-as cozinhar um pouco, só então as cubra todas as carnes com mais água fervente e vá acrescentando, de acordo com o tempo de cozimento, o milho, as raízes, legumes e vegetais. Acerte o sal e a pimenta. Deixe ferver até que estejam cozidas, mas ainda firmes. Desligue do fogo.
Faça o pirão. Separe um pouco do caldo em uma panela, leve ao fogo e vá despejando farinha, aos poucos, mexendo sempre até engrossar.
Retire as carnes e os legumes do caldo e arrume-os separados em duas travessas.
Sirva fumegante, acompanhado de arroz branco.

DICAS:
O segredo de um bom cozido é cozinhar os legumes e vegetais com todas as carnes juntas, com exceção do quiabo. Cozinhe-o em separado com o caldo do cozido.


10 de outubro de 2010

GALINHA DE CABIDELA COM FEIJÃO VERDE E FAROFA DE CUSCUZ

A Galinha Voadora

No princípio dos anos 1980, ainda em Brasília, costumávamos nos finais de semana, reunir a colônia natalense no nosso “clube” para o almoço semanal.
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 Havia sempre uma reunião, mais um motivo de farra, para decidir sobre o que iria ser feito a cada almoço. Naquela semana, a opção do cardápio, sempre calórico, era galinha de cabidela com feijão verde, vindo de Natal e farofa de cuscuz.
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O encarregado pela compra das galinhas foi à Feira do Guará, a mais nordestina das feiras brasilienses, e “inteligentemente” trouxe duas galinhas, vivas! Quem iria sacrificar as pobres coitadas?
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Nenhum dos “meninos corajosos” se habilitou e coube a mim, com a ajuda do meu “cumpade” matá-las. Tadinhas!
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Pegamos à primeira delas e - lembrando-me como na minha infância via minha avó fazer -, pedi que ele a prendesse pisando as asas com um pé e as pernas com o outro, enquanto eu, de posse de um prato fundo com vinagre para colher o sangue, e a faca na outra mão, estava prestes a me torna uma assassina.
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E assim, foi feito. Depenei o pescoço da pobre coitada, dei umas palmadinhas com a faca, para espalhar o sangue, e quando sangrei a bichinha o meu cúmplice no assassinato a soltou. A vítima, ferida de morte, começou a voar e pular, se debatendo até seu instante final. Todos que estavam a nossa volta saíram ensangüentados. Lá se fora a nossa cabidela!
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Mas, ainda faltava à outra para sacrificar e eu, apesar do meu peso pena, me coloquei na posição de abate, mandei aqueles homens “corajosos” saírem e sozinha, assumi e conclui o ritual.


Galinha de Cabidela com Feijão Verde e Farofa de Cuscuz
Ingredientes
1 galinha caipira viva
Sangue da galinha
2 colheres (sopa) de vinagre
50 ml de cachaça
4 dentes de alho amassados
1 cebola grande picada
2 tomates picados
2 colheres (sopa) de hortelã picado
2 folhas de louro
2 colheres (sopa) cebolinha picada
1 colher (sobremesa) de colorau
2 colheres (sopa) óleo
Sal e pimenta do reino a gosto
Água fervente o quanto baste
Limão

Modo de Fazer
Leve uma panela grande com água ao fogo até ferver.
 Deite o vinagre num prato. Sangre a galinha, cortando-a no pescoço e deixe o sangue cair no prato com o vinagre, misture bem. Reserve o sangue.
 Mergulhe a galinha rapidamente na água fervente. Depene-a e passe-a levemente sobre a chama do fogão, para tirar o resto da penugem.
Abra a galinha e corte-a nas juntas. Limpe e lave com bastante limão.
 Enxugue os pedaços, ponha numa tigela, tempere com dois dentes de alho, o colorau, sal e pimenta do reino a gosto.
Deixe descansar por cerca de 2 horas.
Em uma panela, de preferência de barro, acrescente o óleo e ponha os outros dois dentes de alho amassados para dourar, juntamente com a cebola, em seguida acrescente os tomates, o hortelã, o louro e a cebolinha, refogue até formar uma consistência cremosa.
Junte os pedaços de galinha temperados e refogue até ficarem dourados.
 Deixe ferver até que solte um caldo.
Quando estiver quase secando, acrescente a cachaça, dê uma pequena fervura e só então vá colocando a água fervente conforme a necessidade até que a galinha fique totalmente cozida. Verifique o sal.
Mexa bem o sangue reservado. Despeje sobre a galinha com o molho fervente, tampe a panela e cozinhe por cerca de um minuto.
Desligue o fogo e sirva acompanhada de feijão verde e farofa de cuscuz.

Feijão Verde
Ingredientes
1 kg de feijão verde
1 cebola roxa
2 pimentas de cheiro
Cheiro verde a gosto
Sal a gosto

Modo de Fazer
Escolha e lave o feijão. Leve-o para cozinhar com água fria, a cebola roxa inteira e as pimentas. Quando o caroço estiver meio mole, adicione o sal. Deixe cozinhar. Retire do fogo e acrescente o cheiro verde. Sirva quente.

DICAS:
O feijão verde deve ser cozido com a panela sempre aberta para não escurecer o caldo do feijão. Iniciar o seu cozimento com água fria e, aos poucos, ir adicionando se necessário, água fervente. O sal, assim como o cheiro verde, só deve ser colocado no final, para que o feijão não murche.

Farofa de Cuscuz
A farofa é preparada com cuscuz de milho esfarelado, caldo de galinha refogado com os temperos. Ela serve de acompanhamento para a carne de sol, galinha de cabidela e outros pratos guisados.

Ingredientes do cuscuz
250g de flocão de milho
1 colher (chá) de sal
1 xícara de água

Fazendo o cuscuz
Numa tigela, misture a massa de cuscuz, o sal e a água até formar uma farofa úmida, deixe repousar por uns 5 minutos. Coloque essa mistura na cuscuzeira, ou numa panela para ser cozido no vapor, e alise sem apertar. Tampe a cuscuzeira e leve ao fogo brando durante 15 minutos. Retire do fogo, coloque em uma tigela e esfarele o cuscuz.
Reserve.

Ingredientes da farofa
Cuscuz pronto, esfarelado.
1 cebola ralada
1/2 pimentão picado
1 tomate picado
Cheiro verde a gosto
Pimenta do reino a gosto
1 colher de sopa de manteiga
1 xícara do molho da galinha

Fazendo a farofa
Refogue a cebola na manteiga, ponha o pimentão, o tomate, o cheiro verde a pimenta do reino, adicione o molho da galinha e acerte o sal. Acrescente o cuscuz já pronto, esfarelado, e misture bem.


03 de outubro de 2010

RÃ AO FORNO E GUISADO DE RÃ

Imagem Google
Rã ao Forno
Ingredientes
12 coxinhas de rã
01 xícara de maionese
01 envelope de sopa de cebola

Modo de fazer
Lave e seque bem as coxinhas de rã. Coloque a maionese num prato e o conteúdo da sopa de cebola em outro prato, vá passando as coxinhas na maionese e empanando com a sopa de cebola. Coloque num refratário e leve ao forno médio por aproximadamente 40 minutos ou até ficar crocante.

Guisado de Rã
Ingredientes
2 kg de rã cortada aos pedaços
02 dentes de alho amassados
01 cebola ralada
1/2 pimentão picado
02 tomates picados
02 colheres de sopa de extrato de tomate
01 colher de sobremesa de vinagre
02 colheres de sopa de folhas de hortelã fresco
02 colheres de sopa de azeite
02 xícara de caldo de galinha fervente.
Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de fazer
Limpe e tempere a rã cortada aos pedaços com todos os temperos e deixe repousar por pelo menos 1 hora. Coloque o azeite em uma panela, leve ao fogo até esquentar e vá colocando os pedaços de rã, aos poucos, até que estejam
dourados. Deixe refogar bem, ferver e tomar gosto. Coloque aos poucos, sempre que necessário, o caldo de galinha fervente e deixe cozinhar por uns 20 minutos.
Sirva com uma farofa de cuscuz.

VOCÊ SABIA:
A carne de rã é uma carne leve e de fácil digestão, pouca gordura, alto teor nutritivo (proteínas e sais minerais) e o seu sabor é semelhante ao do frango. Pelas suas características, a carne de rã é uma excelente opção para as pessoas com alergia à proteína animal e uma aliada no combate ao colesterol e à hipertensão.
O seu consumo pequeno no Brasil se deve, além do preço, a rejeição de pessoas que, pelo seu aspecto, imaginam: “não provei e não gostei”. Mas posso lhe garantir, quem prova, aprova.
Com a rã você pode utilizar as mesmas receitas que você faz com o frango.


26 de setembro de 2010

CAMARÃO AO QUEIJO

Tomás, Filho de Deus

Finalizando minhas andanças pelo sul do país, fizemos um jantar em comemoração ao batizado do meu neto amado.
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Ele foi batizado na Igreja dos Imigrantes em Porto Alegre-RS, cujo vigário, uma pessoa boníssima, mostrou-se um verdadeiro pastor do seu rebanho.
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Sei que o meu pequeno potiguar, sendo filho de gaúcho e criado por lá, se tornará um “agauchado” bebedor de chimarrão.  Já o vejo, futuramente, falando cantando puxando pelo “R”, quando chegar de férias na casa da vovozinha, achando Natal “tri legal” e aonde para desassossego dos pais, há uma placa no jardim que já diz tudo “Na casa da vovó tudo pode”.
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Saindo do frio, reencontrando o calor do nosso sol, que nos privilegia o ano todo, e o aconchego dos meus filhos, de Leo e todos que aqui estão, trouxe o coração apertado de saudades de Tomás, da minha filha Milena, de Walter - pai de Tomás -, o meu gaúcho preferido e de todos que fazem parte do meu convívio quando estou por lá.
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Como não poderia deixar de ser o camarão servido foi levado por mim, direto da minha terra, Nísia Floresta, para deleite da gauchada. A receita encontrada nos meus alfarrábios, que já fiz por diversas vezes, além de gostosa é simples e de fácil execução.
Além disso, você pode deixá-la pronta e só levar ao forno na hora de servir. Aproveite para fazê-la em um dia especial acompanhada de um bom vinho.

Camarão ao Queijo
Ingredientes
1 1/2 kg de filé de camarão graúdo, pré-cozido
2 dentes de alho amassados
1 cebola grande ralada
2 colheres de sopa de manteiga
1 caixa (520 g) de molho pronto de tomate
100 ml de vinho branco
1 pimenta de cheiro
Pimenta do reino e sal a gosto
1 kg de batatas
2 colheres de sopa manteiga
300 ml de leite
1 caixa de creme de leite
50 gr de queijo parmesão ralado
1 copo de requeijão cremoso
1 bisnaga de queijo catupiry

Modo de fazer
Refogue na manteiga o alho amassado e a cebola ralada, passe ligeiramente o camarão, não mais que 2 minutos.Reserve.
Leve ao fogo o molho de tomate pronto, acrescente o vinho, tempere com a pimenta de cheiro, do reino e acerte o sal. Deixe apurar e reduzir um pouco, retire do fogo, misture ao camarão. Reserve.
Descasque e cozinhe as batatas com água temperada com pouquíssimo sal. Ainda quente, amasse-as numa panela e leve ao fogo acrescentado, mexendo sempre, nessa ordem: a manteiga, o leite, o creme de leite e o queijo ralado.
Misture bem e retire do fogo.

Montando o prato
Em um refratário grande, faça o contorno de todas as laterais com o purê de batatas usando um bico largo de confeitar, se não tiver, não tem problema, faça-o as colheradas e arrume.
Cubra o centro do refratário com o copo de requeijão, e por cima espalhe o camarão no molho de tomate, finalize cobrindo todo o camarão com o queijo catupiry.
Leve-o ao forno para gratinar.


19 de setembro de 2010

GALETO "AL PRIMO CANTO"

Quase uma passarinhada

Tive a oportunidade de passar um final de semana em Caxias do Sul, na serra gaúcha. Terra do vinho, de paisagens belíssimas, muito fria, colonizada por italianos. Lá experimentei um dos seus pratos típicos, o Galeto Al Primo Canto.
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Confesso que já havia provado da iguaria em Santa Maria, e para ser sincera, apesar de ser também deliciosa, gostei mais da de Santa Maria.
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O Galeto ao Primo Canto é uma das delícias da culinária gaúcha, reza a história que foi criada em Santa Maria, há quase 60 anos e se transformou numa atração gastronômica muito apreciada nas mais diversas regiões gaúchas, mais precisamente na região de Caxias do Sul. Costuma-se brincar na região dizendo que este prato é tão famoso quanto o churrasco. O Galeto Primo Canto é também conhecido como “frango de leite” e foi inventado para substituir as antigas passarinhadas.
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Os primeiros a apreciar o Galeto Primo Canto foram os imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, que trouxeram para o Brasil o hábito de se alimentar com passarinhadas. Porém, no final da década de 1950, a caça aos passarinhos foi proibida, obrigando as colônias de imigrantes a encontrar um substituto que tivesse uma carne igualmente saborosa e tenra.
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O Galeto Primo Canto, al Primo Canto ou ao Primo Canto não é uma receita. É um abate, como é o do cordeiro-mamão, da vitela ou dos leitões, por isso apresenta uma carne muito macia e saborosa.
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O galeto é o franguinho abatido com cerca de 25 dias de vida, pesando aproximadamente 500 gramas. “Al primo canto” significa: antes de cantar pela primeira vez. Uma verdadeira iguaria, hoje já encontrada com certa facilidade no mercado. Como tem uma carne muito suave e sem sabor acentuado, é preciso que seja marinado por bastante tempo numa boa vinha-d’alhos. É assado na brasa e servido como manda a tradição, com polenta frita, salada de radiche e espaguete ao sugo. Uma delícia!

Galeto “Al Primo Canto”
Ingredientes
6 galetos
2 cebolas médias
2 dentes de alho
3 xícaras (chá) de vinho branco seco
2 colheres (sopa) de sálvia fresca picada
3 colheres (sopa) de salsa e cebolinha picadas
3 galhinhos de manjerona
Noz moscada ralada a gosto
Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Modo de Fazer
Na véspera, prepare os galetos: tire a pele e parta-os ao meio, no sentido horizontal, de maneira a ficar uma metade com as asas e a outra com as coxas e sobre coxas.
Bata todos os ingredientes no liquidificador, até que fique uma mistura líquida homogênea. Experimente para corrigir o sal.
Coloque os galetos e a vinha-d´alhos num saco plástico grande, ou numa travessa, para que as aves fiquem totalmente imersas. Feche o saco, ou a travessa, e deixe marinar até o dia seguinte na geladeira.
Então, reserve a marinada, ponha os galetos em espetos e leve à churrasqueira, a cerca de 30 centímetros do braseiro e grelhe, girando os espetos e molhando sempre com o tempero onde passaram a noite. Eles deverão ficar bem dourados e bem cozidos, mas com a carne úmida por dentro e crocante por fora.


12 de setembro de 2010

RABADA COM MILHO VERDE E AGRIÃO

Pinguim de geladeira

Continuo em Santa Maria-RS e com frio. Se o nordestino, mesmo com o calor habitual de sua região já gosta de comida forte e fumegante, imagine quando ele está no frio. Nesta terra, onde quando é frio é frio e quando faz calor é igual à Mossoró, (olhe que pelo que dizem o pior já passou). Estou me sentido um pinguim de geladeira, querendo alguma coisa que me dê “sustança” e traga de volta o calor da minha terra, pelo menos no estômago.
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Lembrei-me de Lídia, uma amiga querida residente em Brasília, casada com um nordestino como eu, que para “nordestinizar” a sua rabada, onde o agrião era só o disfarce para não sair do tradicional, acrescentava milho verde, alimento que depois da farinha de mandioca é a base alimentar de todo nordestino, para satisfação do maridão e seus convidados, adeptos de todas as “ADAS” que o cardápio nordestino pode nos oferecer: Rabada, buchada, panelada, feijoada, peixada, vaca atolada, galinhada... E até macarronada!
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Nos nossos almoços semanais havia sempre uma “ADA” a ser devorada, muito bem acompanhada de uma cerveja gelada, que ninguém é de ferro, para esquentar o corpo, alimentar a alma e matar as saudades da nossa terra natal.
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Eis uma delas:

Rabada com Milho Verde e Agrião
Ingredientes
1 rabo de boi limpo e cortado em pedaços
3 colheres de azeite ou óleo
4 dentes de alho esmagados
2 cebolas grandes raladas
2 folhas de louro
4 tomates picados
1/2 xícara de cebolinha picada
2 ramos de hortelã picados
3 colheres de sopa de extrato de tomates
1 1/2 litro de caldo de carne fervente
200ml de vinho tinto
3 espigadas de milho verde, limpas e lavadas, cortadas em rodelas.
1 maço de agrião limpo, lavado e escorrido.
Sal e pimenta a gosto

Modo de fazer
Escolha um rabo de boi que não seja muito gordo, limpe-o para retirar o excesso de sebo e gordura. Corte-o pelas juntas (tem locais em que se encontra já cortado). Lave-o em água com o caldo de 1 limão ou 2 colheres de vinagre.
Faça um vinha-d’alho com o vinho com uma cebola ralada, 2 dentes de alho amassados, o louro, a cebolinha, o hortelã, sal e pimenta a gosto. Deixe a rabada de molho marinando de um dia para o outro.
Numa panela de pressão aqueça o azeite e refogue o restante do alho e da cebola, os tomates picados e o extrato de tomate. Vá acrescentando, aos poucos, a rabada e o restante dos ingredientes que estavam em repouso, até ficarem dourados.
Coloque as espigadas de milho cortadas e acrescente o caldo de carne fervente
Feche a panela e quando levantar pressão baixe o fogo e conte 30 minutos.
Retire do fogo, resfrie a panela. Abra-a e leve-a novamente ao fogo, sem pressão, pelo tempo necessário, para o molho encorpe e a carne ficar na textura ideal, macia e soltando dos ossos, verifique o sal e a pimenta, acrescente o agrião e desligue o fogo.
Sirva com arroz branco e pirão batido.


05 de setembro de 2010

QUICHE DE CARANGUEJO

Em pleno frio, cozinhando caranguejo

Estou em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, visitando minha filha Milena - que hoje faz aniversário - e o meu neto Tomás, que está sendo batizado.
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 Deixei meu Leo triste e no calorzinho de Natal, porque somente volto no dia 12 de setembro, mas daqui debaixo de chuva e de um frio de lascar, vou escrevendo e curtindo a saudade, enquanto me encho do amor da minha filha mais velha e do meu neto, que parece um artista de cinema.
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De Natal a Santa Maria, haja chão. Atravessei o país. Hoje estou longe de casa, com saudades de tudo e todos. Coisa de mãe! Cheguei cheia de saudades e “encomendas” vindas do mar. E como aqui, o clima está ajudando, vamos comer uma quiche de caranguejo que acabei de colocar no forno.
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Eis a receita.

Quiche de caranguejo

Para a massa
Ingredientes
2 xícaras de farinha de trigo
2 tabletes de margarina culinária gelada (100 gr cada)
2 colheres (sopa) de creme de leite de caixinha
1 colher de chá de sal
1 ovo

Para o recheio
Ingredientes
500g de carne de caranguejo catado e lavado
1 fio de azeite
2 dentes de alho amassados
1 cebola ralada
1/2 molho cebolinha bem verde cortada em rodelas finas
½ pimentão verde picado
2 colheres de sopa de coentro picado
2 colheres de sopa de extrato de tomate
Sal e pimenta a gosto

Para o recheio cremoso
Ingredientes
4 ovos
3 caixas de creme de leite
1 xícara de leite
Noz-moscada ralada na hora
Sal, pimenta-do-reino a gosto.

Modo de Fazer
Massa: Fazer uma farofa com a margarina, a farinha e o sal. Juntar os ovos ligeiramente batidos e o creme de leite. Juntar tudo com as mãos, embrulhar em filme plástico e levar para gelar por 30 minutos.

Recheio refogado: Lave e cate a carne de caranguejo para que não reste nenhuma casquinha, tempere com a cebola, a cebolinha, o coentro, o extrato de tomate, sal e pimenta a gosto. Em uma panela refogue o alho num fio de azeite e acrescente a carne de caranguejo temperada. Deixe cozinhar por pelo menos 20 minutos, acrescentado água fervente sempre que necessário. Retire do fogo, deixe esfriar.

Recheio cremoso: Misture bem todos os ingredientes e bater no liquidificador. Acrescente a noz-moscada, o sal e a pimenta-do-reino a gosto.

Montagem da quiche
Preaqueça o forno a 200° C.
Abri a massa com o rolo e forrar a forma. Colocar a carne de caranguejo e cubra com o recheio cremoso até um milímetro da borda. Leve ao forno e diminua a temperatura para 160° C, por mais ou menos 40 minutos. Espete um palito e, se ele sair limpo, a quiche está pronta.


29 de agosto de 2010

ARROZ DE PUTA RICA


Sabores Goianos 

Domingo passado (15), eu e Leo almoçamos uma “paela” maravilhosa na casa de um casal de amigos. Ela, uma goiana de nascimento, mineira de criação e nordestina de coração, com aquele jeito que só quem é daquela região sabe ser, nos recebeu no melhor estilo. Imagine!
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Conversa vai, conversa vem e eis que os sabores goianos tornam-se o centro das atenções. Ela nos falou que em Goiás, o tradicional mesmo é o “Arroz de Puta Pobre”, uma receita que junta arroz e sobras, tipo daquelas para limpar geladeira, e, que com o aprimoramento, a receita transformou-se em “Arroz de Puta Rica”, contou-nos, rindo, a lenda urbana goiana.
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 “Antigamente, nas casas de ‘tolerância’ goianas, as ‘moças’ que ali trabalhavam, ao final do “expediente”, tinham, ainda, que fazer a própria comida. Faziam arroz adicionando todas as sobras que encontravam na geladeira. A comida, servida inclusive aos clientes, foi se tornando conhecida como arroz de puta pobre”, contou minha anfitriã. “Uma cafetina francesa, rica, instalada na cidade, percebeu que para não perder a clientela deveria ‘fazer a diferença’ e aperfeiçoou o prato incrementando-o com açafrão, pedaços de frango, costelinha, calabresa e legumes. Para a dona do bordel, o tradicional era muito pobre para o nível de seu estabelecimento, e com a quantidade de ingredientes acrescentados a sua receita, o seu prato ficou conhecido como Arroz de Puta Rica”, completou.
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Achei o máximo! E a minha imaginação foi à mil.
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Imaginei aqui em Natal, a dona do nosso mais famoso cabaré, Maria Boa, (que Deus a tenha), se tornando, também, conhecida pela maravilhosa comida servida em seu estabelecimento. E os ‘coitados’ dos homens casados, flagrados no antro de perdição, se desculpando que tinham ido “somente” comer o Arroz de Puta Rica.
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Imaginei, também, o personagem de Gabriel Garcia Márquez em seu livro “Memórias de Minhas Putas Tristes”, lembrando-se de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Imagine!
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Fiquei encantada com a receita, tanto pela História de sua criação quanto pelo seu nome sugestivo. Não apenas por ser um prato substancioso e completo, mas pela delícia que ele é. 
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Vamos à receita.

Arroz de Puta Rica 
Ingredientes
6 sobre coxas de frango cortadas a passarinho
1 lingüiça calabresa em rodelas
6 costelinhas defumadas
3 xícaras de arroz
2 cebolas grandes raladas
6 dentes de alho amassados
6 xícaras de caldo de galinha 
2 colheres (sopa) de açafrão
1 xícara de ervilhas frescas
1 xícara de milho verde
2 ovos cozidos e ralados
1 xícara de bacon cortado em cubos e frito 
1 xícara de tomate cortado em cubinhos
cebolinha picada e salsinha a gosto
óleo, sal e pimenta a gosto.

Modo de Fazer
Tempere as sobre coxas com sal e pimenta do reino a gosto, um pouco do alho amassado e parte da cebola ralada. 
Deixe marinar por pelo menos uma hora. 
Cozinhe as costelinhas defumadas. Reserve.
Em uma panela, de preferência de ferro, coloque o bacon picado com um fio de óleo e leve ao fogo, mexendo sempre, até dourar. Reserve.
Na mesma panela, aproveitando o óleo da fritura do bacon, coloque o restante do alho e da cebola e leve ao fogo, refogue o frango, a lingüiça cortada em rodelas e deixe fritar ligeiramente. Acrescente o arroz e refogue-o um pouco. 
Ponha a ervilha fresca, o milho. 
Misture o açafrão ao caldo de galinha e incorpore-o, fervente, ao arroz, aos poucos, deixando-o cozinhar. Abaixe o fogo, deixe a panela parcialmente tampada e cozinhe até secar o excesso de água.
Frite ligeiramente as costelinhas e coloque-as sobre o arroz. Salpique com o bacon frito o tomate, a cebolinha e salsa picadas e os ovos ralados.
Sirva ao sair do fogo com uma boa salada verde.
Serve bem oito pessoas.


22 de agosto de 2010


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